As principais redes de SC confiam que o benefício não acabará neste mês, como previsto pelo governo
Faltando nove dias para que a redução do IPI para alguns tipos de eletrodomésticos e móveis termine, o varejo catarinense aposta que o benefício seja prorrogado pelo governo federal. Caso a prorrogação não ocorra, as três principais redes varejistas de SC não esboçaram nenhuma estratégia para manter as vendas da linha branca aquecidas.
A redução do imposto, segundo os varejistas, é o que tem mantido o mercado aquecido em tempos de mau desempenho do comércio. Para as maiores redes do Estado que trabalham com a linha branca, a possibilidade da queda do desconto do IPI ainda não entrou em pauta. O presidente da Berlanda, Nilso Berlanda, acredita que o prazo será prorrogado e aposta na manutenção definitiva do corte pela Fazenda.
O presidente da rede disse ter autorizado o departamento comercial a comprar os produtos programados para os próximos 30 dias sem considerar a queda do desconto.
— Particularmente, espero que o desconto seja definitivo. A carga tributária nestes produtos, que são de primeira necessidade, é muito alta. O IPI de uma máquina de lavar, por exemplo, é de 20% — disse.
Berlanda destacou o mau momento do varejo, afirmando que as vendas, no primeiro semestre, empataram com as do mesmo período de 2011. Segundo ele, a linha branca foi a que sustentou o empate, com um aumento de 5% a 10% nas vendas puxado pela redução do IPI. Os itens da linha representam 45% das vendas da Berlanda.
A rede de lojas Koerich preferiu esperar pela reposta do governo. O gerente comercial, Ronaldo Koerich, disse que as lojas só vão pensar em adotar novas estratégias de vendas quando houver uma decisão. O presidente da rede de lojas Salfer, Clayton Salfer, conta com a manutenção do corte do IPI, mas afirma que, se o estímulo terminar, a queda das vendas na rede será de 20% a 30%.
— O consumidor espera ter todo dia um novo bom motivo para comprar. Como o assunto é amplamente divulgado pelos meios de comunicação, o mesmo estímulo no lançamento da redução do imposto reverte-se negativamente quando termina _ avalia.
Expectativa dividida nas indústrias
As indústrias catarinenses que produzem as linhas branca e marrom têm opiniões divergentes sobre a prorrogação do benefício do IPI reduzido. A Whirpool, maior fabricante de eletrodomésticos da América Latina, acredita que a redução terminará no dia 31. O setor moveleiro tem duas estratégias para manter as vendas aquecidas: acreditar na prorrogação e aproveitar a Mercomóveis, feira que será promovida na próxima semana, para fechar bons negócios.
De acordo com o presidente da Associação dos Moveleiros do Oeste do Estado de Santa Catarina e do Sindicato das Indústrias Moveleiras e Madeireiras do Vale do Rio Uruguai (Amoesc/Simovale), Osni Verona, o setor está se articulando para que o IPI zero seja prorrogado até o final do ano, pois é um período que o setor pode realizar boas vendas. Ele afirmou que a redução do IPI permitiu reativar as exportações e assim também abrir o mercado interno.
Com a Mercomóveis, a aposta é ampliar as exportações. O coordenador da feira, Nivaldo Lazaron Júnior, estima um crescimento de 33% em negócios, passando de US$ 150 milhões para US$ 200 milhões.
O empresário Ilseo Rafaeli, dono da Sonetto Móveis, de Chapecó, buscou clientes em países da África e América Latina. Ele começou as exportações em 2008 e atualmente manda oito contêineres por mês para oito países. Isso já representa 30% da produção, que é de 60 a 70 mil cadeiras e 12 mil mesas por mês.
No outro lado das expectativas está a avaliação do vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Whirlpool Latin America, Armando Valle, para quem a redução do IPI deve acabar no dia 31.
De acordo com Valle, o desconto do IPI funcionou desde o início, em dezembro do ano passado, quando a empresa contratou 1,5 mil trabalhadores, fechando o quadro em 19 mil funcionários. Mesmo que a redução do IPI caia, o número de empregados será mantido pela empresa.
Veículo: Diário Catarinense