A busca por frutas e hortaliças duráveis, de boa aparência, saudáveis e gostosas é a missão do professor e pesquisador do Departamento de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Cesar Valmor Rombaldi. Ele trabalha para que o consumidor possa superar uma realidade pouco animadora. A cada dez alimentos que o brasileiro compra no supermercado, nove têm algum tipo de aditivo químico na sua formulação. Ainda que possa se tratar de uma quantidade leve, insuficiente para causar danos à saúde, Rombaldi acredita que é possível diminuir radicalmente o número de produtos à venda com esses polêmicos ingredientes.
Reconhecido por seu trabalho com o desenvolvimento da ciência e tecnologia de alimentos, Rombaldi realiza diversas pesquisas, juntamente com os seus alunos de graduação e pós-graduação. E as tarefas, tanto em sala de aula quanto nas pesquisas de campo, envolvem três objetivos: “Primeiro, queremos uma fruta bonita, senão ninguém quer comer. E segundo, que se preserve por bastante tempo, com o mínimo possível de produtos que não fazem bem, os conservantes pós-colheita. E, tão importante quando os requisitos anteriores: que seja gostosa”, explica o professor.
Na fruticultura, tempo é dinheiro. O produtor tem que se acostumar a trabalhar com pressa para vender a sua colheita: o tempo de armazenagem para esses produtos é muito curto. Então, quando há sucesso nos testes bioquímico-moleculares para maturação de frutas, como no caso do melão desenvolvido nos laboratórios da UFPel, cria-se uma grande expectativa de que dias mais tranquilos se aproximam. “Alguns depósitos possuem grãos de duas safras lá armazenados. Como se faz isso com morangos? Você colhe hoje e ele tem uma vida de quatro dias”, compara o professor.
O professor acredita que o contato entre alunos, professores e produtores gera uma interação importante para que seus discípulos possam aprender na prática os desafios da profissão que escolheram. “Ninguém melhor do que um produtor ou um empresário para dizer o que é importante, quais são os problemas. A partir daí é que nós temos que gerar nossas pesquisas”, salienta Rombaldi, que já foi escolhido por incríveis 24 vezes como professor homenageado.
Apoio constante do campo à prateleira
Nascido em meio às parreiras da família, no interior de Farroupilha, Cesar Valmor Rombaldi formou-se em Agronomia em 1984, também na Universidade Federal de Pelotas. Dois anos depois, já como professor da instituição, começou a prestar auxílio constante aos produtores, o que lhe garantiu muita experiência sobre os assuntos ligados ao mercado de frutas e hortaliças. Uma das principais dificuldades do produtor rural, segundo ele, é o rol de exigências burocráticas e técnicas para a implantação de uma agroindústria. Ele adverte que cerca de 70% do capital inicial para viabilizar uma nova empresa é utilizado apenas para atender normativas vigentes. Nisso se incluem a criação da empresa, licenciamento ambiental, autorização e formatação tributária, licenciamento sanitário e responsabilidades técnicas. Os 30% restantes são dedicados ao desenvolvimento tecnológico necessário para a produção – a parte em que o professor e seus alunos podem ser demandados para ajudar os produtores.
Rombaldi avalia que a venda de derivados é uma grande alternativa para diversificar a produção. Porém, o mercado que mais cresce ainda é o de fruta in natura. O avanço da biotecnologia, em associação com a parte de melhoramento vegetal, vem trazendo ao mercado uma série de variedades que já estão disponíveis ao consumidor. Os novos genótipos, que fazem nascer cenouras mais bonitas, tomates mais gostosos e até brócolis roxos, são uma tentação ao produtor ávido por vender mais.
Veículo: Jornal do Comércio - RS