A Sondagem do Comércio do Ibre/FGV, que reúne informações de cerca de 1.200 empresas, mostrou em agosto que o índice de confiança do setor continuou desacelerando. No trimestre encerrado em agosto, em relação a igual período do ano passado, o indicador recuou 4%, ritmo abaixo do observado para julho (-3,4%).
Esse movimento decorre, principalmente, da percepção das empresas sobre a demanda. E é relativamente disseminado, alcançando 10 dos 17 segmentos pesquisados. Esses resultados estão em linha com o quadro econômico, até aqui marcado pela demora em apresentar sinais mais firmes de recuperação.
Em que pesem os bons resultados observados para o mercado de trabalho, formal e informal, e a consequente manutenção da massa salarial, a prudência parece estar dominando as decisões de empresas (com reflexos nos investimentos) e de consumidores (impactando o consumo) e "adiando" os esperados efeitos sobre a atividade econômica resultantes das seguidas medidas de estímulo à demanda.
Há uma expectativa de que a nova rodada de redução dos juros às pessoas físicas venha a restabelecer o ímpeto de compra dos consumidores.
A esse respeito, estatísticas mais recentes do IBGE sobre a produção industrial (julho), sobre o comércio varejista (junho) e as sondagens da FGV de agosto da indústria e do comércio apresentam alguns sinais, ainda bem pontuais, de um início de recuperação.
Tanto o desempenho do comércio varejista em junho como a performance da indústria em julho foram particularmente marcados pela atividade do setor automobilístico. Dados do setor sobre vendas de automóveis em agosto antecipam que os efeitos positivos sobre o ritmo de fabricação podem continuar nos próximos meses.
No caso dos produtos da linha branca, a pesquisa industrial mensal também mostrou uma reação significativa em julho.
Em relação aos indicadores de confiança do comércio, é possível verificar uma reação da confiança do segmento de veículos nos últimos três meses, ainda que não suficiente para reverter os resultados agregados para o comércio como um todo. Ainda segundo a Sondagem do Comércio, em agosto do ano passado 4,1% das empresas apontaram o acesso ao crédito bancário como fator restritivo às suas atividades, percentual que saltou para 7,9% no mês passado.
Ainda em agosto passado, os segmentos com o maior percentual de empresas assinalando "não haver fatores impeditivos" à evolução de suas atividades eram mais identificados com a comercialização de bens de consumo não duráveis, portanto mais sensíveis à massa salarial (perfumaria, cosméticos, medicamentos; hiper e supermercados, por exemplo), e chegavam a mais de 30% das empresas desses segmentos.
Na outra ponta, apenas 14,9% das empresas de móveis e eletrodomésticos (sensíveis a crédito) reportaram "não haver impedimentos".
Veículo: Folha de S.Paulo