Como a Johnson & Johnson consegue criar produtos a partir da ajuda de seus consumidores e funcionários.
Uma pequena casa de tijolos à mostra, próxima dos modernos prédios da sede da Johnson & Johnson (J&J) – localizada em New Brunswick, cidade de 55 mil habitantes em Nova Jersey –, abriga um museu que conta os 130 anos de história da gigante de higiene e medicamentos por meio de produtos e fotos antigas. Mais do que um simples centro de memória corporativa, o espaço serve para provar o porquê de essa gigante do capitalismo americano figurar na restrita lista de empresas que mais ajudaram a moldar o cotidiano contemporâneo, assim como Dupont, IBM e 3M. Saíram das pranchetas da J&J produtos como o cotonete, além da escova e do fio dental feitos de náilon. Desde cedo, a empresa soube acolher inovações surgidas dos locais mais inesperados.
No Brasil, esse pensamento sobrevive como parte do dia a dia dos negócios. Todos os anos, a J&J lança por aqui 150 produtos, dos quais 80% são criados ou adaptados pela subsidiária local. Um dos mais inovadores deles surgiu a partir da observação feita por uma médica dermatologista vinculada ao centro de pesquisa e tecnologia (CPT) da empresa, em São José dos Campos, no interior paulista. O CPT havia recriado a fórmula do protetor solar ROC Minesol de fator solar 30 para que pudesse se adaptar à pele das brasileiras, mais oleosa. “Alguns clientes e mesmo funcionários que usavam o produto sentiram que ele não só era mais sequinho como também ajudava a controlar a oleosidade da pele”, afirma Paula Dantas, diretora associada de pesquisa para pele da J&J. O próximo passo de Paula foi rever a fórmula.
O resultado foi o Roc Minesol Oil Control, que criou uma nova categoria dentro do mercado de protetores solares – setor que movimentou R$ 2,25 bilhões em 2011, dos quais a J&J detém participação de 35,5% do mercado. O produto com controle de oleosidade ajudou a área de proteção solar da J&J a crescer 35% em vendas entre 2008 e 2011. No ano passado, ele foi o mais vendido do mercado de dermocosméticos brasileiro. “É parte da cultura da Johnson buscar que o produto de amanhã seja melhor que o de hoje”, diz Samuel Santos, vice-presidente do CPT brasileiro, um dos cinco da J&J, no mundo, formado por 200 cientistas. Para apoiar essa filosofia, a J&J dedica anualmente um orçamento global de US$ 7,5 bilhões para pesquisa e desenvolvimento.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro