Com meta de lançar um shopping center a cada 30 meses, a Argo, empresa criada no fim de 2008 por dois ex-executivos da BRMalls - a maior empresa do ramo no país - acaba de incorporar um terceiro sócio, saído dos quadros da mesma empresa, com a missão de aprimorar sua capacidade de gestão para que ela venha a se tornar também uma grande gestora para terceiros. "Não há hoje uma grande empresa independente nesse nicho e se a economia andar de lado vai ser preciso [o setor] ter muita gestão", explica Hugo Matheson Drummond, um dos fundadores da empresa ao lado do mineiro Antonio Arbex.
A Argo controla 60% do shopping Norte Sul Plaza, em Campo Grande (MS), inaugurado em junho de 2011, e está construindo, para operar no primeiro semestre de 2014, o Itaboraí Plaza (86,5% do capital), empreendimento de R$ 200 milhões que congrega shopping, dois prédios de escritórios, um residencial com mil unidades, um hotel e um supermercado. Com esse shopping os empresários esperam chegar a uma receita operacional de R$ 40 milhões por ano.
Itaboraí é uma cidade pobre da região metropolitana do Rio de Janeiro, de 218 mil habitantes (segundo dados do Censo 2010), urbanização precária e renda per capita de R$ 8.792,05, quase metade da brasileira (R$ 16.414). Tornou-se um polo de atração de investimentos a partir da decisão da Petrobras de ali instalar o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em obras para operar em 2014, começando por uma refinaria para 165 mil barris de petróleo por dia. Na esteira do projeto, o município está se transformando em um dos berços da chamada nova classe média, o alvo maior do empreendimento da Argo.
Segundo Drummond, a indústria de shopping centers, que chegou ao Brasil no final da década de 70, vem reduzindo o tamanho das cidades eleitas para receber esses empreendimentos. Hoje, segundo ele, já há empresas buscando localização em cidades de 120 mil habitantes.
Ele considera o mínimo ideal 200 mil habitantes com um entorno de aproximadamente 400 mil pessoas, casos de Itaboraí e de Sete Lagoas (MG), com 214.152 habitantes, onde a empresa detém participação de 20% no Shopping 7 Lagoas. Mas os prováveis novos lançamentos da Argo tendem a ser na cidade do Rio de Janeiro, nos bairros de Jacarepaguá e Santa Cruz, ambos da zona oeste, onde a empresa já adquiriu terrenos.
Em 2007, quando a BRMalls foi criada, Drummond tornou-se diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios e Arbex, diretor Comercial. Engenheiros civis, começaram na Ecisa, uma das pioneiras no ramo de shoppings. Agora eles foram buscar na BRMalls outro engenheiro, Carlos Frederico Youssef, responsável pelo projeto de gestão.
Com exceção do Norte Sul Plaza, as participações que a empresa detém eram antes propriedades dos seus sócios, variando de 35% a 2%. Além do 7 Lagoas, a companhia participa de dois shoppings em Juiz de Fora (MG), mais um em Campo Grande, um em São Paulo (2% no Villa-Lobos), um em Curitiba e um em Caxias do Sul (RS).
Para Arbex, o futuro da indústria de shopping no Brasil passa pela estratificação, seja com o surgimento de "outlets", seja pelo rumo da extrema sofisticação, caso do JK, em São Paulo. Ele disse ainda que a Argo não pretende fazer aquisições. "Nosso capital é para desenvolver. Não vamos competir com os mais capitalizados."
Veículo: Valor Econômico