A Natura, tradicional na venda direta ao consumidor, já começa a estudar outras formas para comercializar seus produtos utilizando novas frentes no mundo eletrônico. A ideia não é substituir as consultoras, mas sim abrir todas as "portas" possíveis aos consumidores, segundo o copresidente do Conselho de Administração da empresa, Pedro Luiz Passos.
"Todo o varejo mundial passa por uma grande transformação. A tecnologia da informação está derrubando os mitos e a indústria de cosméticos não vai ficar de fora disso", explica o executivo, acrescentando que todos os canais de distribuição passarão por uma reformulação, introduzindo o componente tecnológico. "Inclusive a Natura", diz.
Passos admite que a venda direta é muito forte em alguns aspectos, mas em outros "tem alguns gaps[falhas]". A agilidade de serviço para o consumidor final, por exemplo, é citada por ele como uma conveniência da pronta entrega. "Nos Estados Unidos, vemos o que aconteceu com algumas cadeias de lojas que enfrentam forte competição do e-commerce, que vem comendo vários setores", diz. Por isso, o executivo acredita que todos os canais de distribuição terão de passar por uma reformulação, introduzindo o componente tecnológico. "Se não fizer isso, não estará aqui para contar a história daqui a 10 anos", diz.
Várias ideias estão em debate, mas a regra é não eliminar o papel das consultoras, um exército de mais de 1 milhão de pessoas. Entre as possibilidades estudadas estão entregar o produto diretamente ao consumidor e capacitar as consultoras para que vendam pela Internet.
No caso da entrega direta, a consultora continua a mostrar o catálogo de itens, anotar o pedido e enviar à empresa. Já a entrega do produto ao consumidor, hoje feita por ela, ficaria com a Natura. O que traria um complicador, segundo analistas do setor, porque hoje a consultora tem um papel logístico importante.
Mas, com a entrega ao consumidor, a Natura passaria a controlar um prazo sobre o qual não tem qualquer poder de decisão hoje. Por outro lado, tornaria a logística mais complexa, já que fragmenta as entregas, elevando os custos. Hoje uma consultora faz um pedido mínimo em torno de R$ 250 a R$ 300.
"Não queremos perder o contato com uma consultora, mas queremos oferecer a opção de poder comprar por outras formas. Se não fizer isso, o processo fica muito travado. Como também quem tem loja vai ter que ter o e-commerce", acrescenta Passos. Segundo ele, há momento em que o consumidor quer ir à loja experimentar o produto, mas há outros em que quer simplesmente comprar pela Internet.
"Mas tudo isso sem perder uma coisa fundamental, que é o relacionamento da consultora com a cliente e o componente do empreendedorismo", afirma. O executivo, porém, admite que as vendedoras terão de contar com novos recursos para se relacionar com o consumidor final.
"O varejo todo está sendo desmontado no mundo. Barnes & Noble quebrou nos EUA, Best Buy está sofrendo com a entrada da Amazon no e-commerce", diz Passos, acrescentando que manter uma grande loja de departamento é muito caro e não se consegue competir com os preços de outros canais. "Até ontem Walmart era tido com um benchmark em tecnologia de suprimentos, agora está investindo uma fábula para fazer o melhor relacionamento com o consumidor final, através de tecnologia. Antes ele era bom porque comprava barato e vendia barato e tinha produto disponível, com giro alto de estoques. Agora, o consumidor final tem poder absoluto. Ele entra na loja, experimenta, consulta preços da loja e dos concorrentes pelo celular e até compra do rival e manda entregar em casa. É uma transformação e isso é até gostoso de acompanhar", completa.
L'Oréal
O governo do Estado do Rio corre contra o tempo para terminar as negociações com o Exército em torno da cessão do terreno, na Ilha do Fundão, campus da UFRJ, para a construção do centro de desenvolvimento da companhia francesa L'Oréal no País.
O empreendimento terá investimento de R$ 70 milhões a R$ 100 milhões e o objetivo da empresa é começar as obras até o fim do primeiro trimestre de 2013. A expectativa é de inaugurar o centro em outubro de 2014, segundo o diretor de pesquisa e inovação da L'Oréal no Brasil, Blaise Didillon.
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Julio Bueno, afirmou - após evento de apresentação do projeto de construção do centro de pesquisas ontem -, que o governo trabalha com a possibilidade de começar as obras em janeiro. Bueno se disse confiante nas negociações com o Exército.
"Estamos fazendo um acordo que consiga atender aos interesses do Exército e da empresa", afirmou Bueno. O centro ficará próximo ao Parque Tecnológico da UFRJ. Este será o sexto empreendimento do tipo da L'Oréal no mundo. Os outros centros de pesquisa ficam na França, nos Estados Unidos, no Japão, na China e na Índia.
Veículo: DCI