As vendas do comércio varejista brasileiro tiveram crescimento de 1,4% em julho na comparação com o mês anterior, na série com ajuste sazonal. Segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice está dentro do que os analistas do setor esperavam para o período.
Na comparação com julho do ano passado, as vendas do varejo apresentaram incremento de 7,1% em julho deste ano, número também de acordo com as expectativas. Até julho, as vendas do varejo restrito - alguns segmentos - acumulam altas de 8,8% em 2012 e de 7,5% nos últimos 12 meses.
Em relação ao varejo ampliado, que envolve todas as áreas do setor, inclui também os números de material de construção e de veículos, as vendas tiveram queda de 1,5% em julho ante junho, na série com ajuste sazonal. Na comparação com o mesmo período do ano passado, as vendas do varejo ampliado tiveram alta de 10,2% este ano. Até julho, as vendas do comércio varejista ampliado acumulam altas de 7,5% em 2012 e de 5,9% nos últimos 12 meses.
A queda de 1,5% nas vendas do varejo ampliado na passagem de junho para julho foi causada pelo recuo de 8,9% no volume de vendas da atividade de veículos e motos, partes e peças. De acordo com o IBGE, foi o pior resultado para o setor de veículos desde abril de 2010, quando as vendas registraram queda de 14,9%. Em relação a julho do ano passado, no entanto, a atividade de veículos registrou uma ampliação de 16,4% do volume de vendas. No total do ano a alta acumulada é de 5,0%, e nos últimos 12 meses o crescimento é de 2,9%.
Vendas
A alta de 1,4% das vendas do comércio varejista em julho fez a média móvel trimestral do setor ficar em 0,7% no mês. Em junho, a média móvel das vendas no varejo ficou em 0,52%.
O IBGE também revisou as vendas no comércio varejista em junho ante maio, de 1,5% para 1,6%. A taxa de março ante fevereiro igualmente foi revisada, de 0,2% para 0,3%.
Também houve revisão no número do varejo ampliado em junho ante maio, que saiu de 6,1% para 6,2%. A taxa de maio ante abril passou de 0,0% para 0,1%, enquanto a de abril ante março saiu de 0,8% para 0,9%. As vendas de fevereiro ante janeiro passaram de -0,8% para -0,9%. A receita nominal no varejo do comércio varejista aumentou 1,7% na passagem de junho para julho. Como resultado, a média móvel trimestral da receita ficou em 1,3% no trimestre encerrado em julho. Na comparação com julho de 2011, a alta foi de 10,3%. Em 2012, a receita acumulou alta de 11,8%, e, nos últimos 12 meses, 11,3%.
Varejo terá ritmo menor nos próximos meses
O aumento de 1,4% das vendas do comércio varejista em julho ante junho ficou acima do esperado, mas o ritmo de alta deve desacelerar nos próximos meses, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A CNC avalia que o comércio vai manter um ritmo ainda expressivo até o final do ano, por questões sazonais, mas que as próximas leituras podem não vir com crescimento tão forte quanto nos últimos dois meses. As famílias ainda estariam tentando livrar-se do alto nível de endividamento, o que só deve ocorrer no fim do ano. Em junho, a alta nas vendas do varejo foi de 1,6%. "Por mais que o nível de inadimplência tenha se estabilizado, o endividamento está elevado. Isso pode se refletir agora nos próximos resultados, podendo gerar aumentos não tão fortes como tivemos em julho", avaliou Bruno Fernandes, economista da CNC.
A entidade espera uma expansão de 7% nas vendas do comércio este ano. "Mas agora a nossa estimativa está com viés de alta, podendo ser revisada para cima." O aumento nas vendas do varejo em julho foi puxado por supermercados e por móveis e eletrodomésticos. "A alta veio forte e mostrou que, apesar da disparada nos preços dos alimentos, o crescimento real da renda ainda é positivo e vem beneficiando o setor de hipermercados."
Veículo: DCI