Enquanto trocam os aparelhos de TV de tubo por modelos de tela fina, os brasileiros têm buscado aparelhos cada vez maiores para colocar em suas casas. Hoje, os modelos com telas acima de 46 polegadas já representam 10% das vendas de TVs no país, e a expectativa é que esse volume chegue a 15% em dois anos.
"O desejo é de ter todo mundo reunido na sala, convidar os amigos para assistir um jogo de futebol, ou a novela. E isso fica muito melhor com uma tela grande", diz Fernanda Summa, gerente de marketing de televisores da LG.
Hoje, a categoria de telas grandes no Brasil é composta por aparelhos com dimensões que variam entre 46 polegadas e 65 polegadas. Os preços começam em R$ 2,5 mil e podem passar dos R$ 10 mil. Samsung, Sony, LG e TP Vision - empresa que fabrica os aparelhos com marca Philips - têm quase metade de suas linhas de produto compostas por aparelhos com essas dimensões. Na TP Vision, elas já respondem por 12% das vendas, segundo Alessandra Aguiar, gerente de produtos da companhia. "É um segmento que vale apostar, que dá retorno", diz André Sakuma, gerente de TV da Samsung.
Em geral, os modelos de tela grande contam com recursos avançados, como internet e 3D. O perfil de quem compra uma TV desse tipo varia muito: desde um apaixonado por sistemas de áudio e vídeo até aquela pessoa que quer simplesmente impressionar os vizinhos. Há, no entanto, um requisito básico para conseguir desfrutar ao máximo do equipamento: o ambiente onde o aparelho será instalado precisa ter pelo menos três metros de distância entre a tela e o sofá. Quanto maior a tela, maior é a necessidade de espaço.
Com a demanda crescente, os fabricantes têm investido em trazer produtos novos ao mercado. A LG, por exemplo, está trazendo ao Brasil modelos de 72 polegadas e 84 polegadas. Esta última, foi lançada há duas semanas, durante a IFA, na Alemanha.
Para se ter uma ideia da dimensão do aparelho, a tela tem uma diagonal (medida da área de visão usada pelos fabricantes) de dois metros, o equivalente a quatro TVs de 42 polegadas colocadas lado a lado. A "TV gigante" também exibe conteúdo com definição quatro vezes maior que a de um aparelho convencional, a chamada 4K.
O preço da TV é condizente com suas configurações: R$ 40 mil. "É um produto de nicho. Vamos escolher a dedo os pontos de venda no Brasil", diz Fernanda. De acordo com a executiva, o preço salgado é comum em tecnologias que estão chegando ao mercado. A executiva lembra que em 2005, uma TV de plasma - então o principal expoente da nova geração de aparelhos de tela fina - custava R$ 30 mil. Hoje, uma TV de LCD - sistema que acabou predominando no mercado - pode ser comprada por menos de R$ 1 mil.
A aposta no segmento de telas grandes é uma forma de os fabricantes driblarem a pressão sobre as margens na venda de TVs. Segundo Luciano Bottura, gerente de marketing e comunicação da Sony, só no ano passado, os preços dos equipamentos caíram 20% no Brasil. Com aparelhos maiores, que contam com mais recursos, os fabricantes podem colocar preços mais altos e assim atingir margens melhores. Por outro lado, o ganho acaba não sendo tão grande por conta do menor volume de unidades vendidas. "O mercado de TVs não está fácil para ninguém", disse Bottura.
Segundo a Consumer Electronics Association (CEA), o mercado de TVs em 2012 ficará estável na comparação com 2011 em termos de unidades vendidas: 262 milhões contra 260 milhões. Trata-se do pior desempenho para o setor em cinco anos. O ritmo mais lento será resultado de uma retração de 13% nos mercados emergentes e de quedas de 40% e de 15% nas vendas de aparelhos de tubo e de Plasma, respectivamente.
Ao mesmo tempo, os fabricantes terão oportunidades nos países emergentes (com previsão de alta de 11% nas vendas) e em tecnologias como 3D (alta de 133%), LED (mais 33%) e nos aparelhos com conexão à internet (crescimento de 56%). De acordo com a CEA, 64% do mercado mundial de TVs em 2012 será composto por aparelhos com tecnologia LED. Em 2011, o número era de 42%.
Veículo: Valor Econômico