Brasil tenta ajustar 'janela' de venda de melões aos EUA

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Uma comitiva de empresários brasileiros cumpre agenda de reuniões com autoridades americanas desde ontem para tentar ampliar o acesso do melão brasileiro no mercado dos Estados Unidos. O mercado potencial é estimado US$ 130 milhões. Pelas regras atuais, o melão brasileiro está isento do pagamento de tarifas caso seja exportado de dezembro a maio. Os empresários querem mudar a janela de isenção para entre setembro e março, quando a safra brasileira está no auge.

Hoje, os empresários apresentam seu pedido ao Departamento de Agricultura (USDA). Ontem, o grupo manteve reuniões no Congresso e no Departamento de Estado. Os melões brasileiros, produzidos sobretudo no Ceará e no Rio Grande do Norte, são exportados quase que exclusivamente para a Europa, gerando receita anual de cerca de US$ 120 milhões. Os produtores brasileiros acham que, se conseguirem zerar a tarifa, poderão exportar volume semelhante de melão para os EUA.

Como regra geral, os melões exportados aos EUA devem pagar tarifa de 28%. É uma forma de proteger os produtores locais, que se concentram sobretudo na Califórnia, Arizona e Geórgia. No inverno, quando os EUA não produzem melão, a tarifa cai para zero. Isso é feito por meio do Sistema Generalizado de Preferências (SGP), que concede acesso privilegiado ao mercado americano a países em desenvolvimento.

Ainda que seja um dos beneficiados pelo SGP e de poder exportar aos EUA com isenção de tarifas de dezembro a maio, o Brasil só aproveita a janela em dezembro e janeiro, já que a safra do país se concentra entre agosto e janeiro. "É um período muito curto de exportação para justificar a ampliação da produção", diz Luiz Roberto Barcelos, diretor da Agrícola Famosa, que integra a comissão brasileira em Washington.

Se os EUA aceitarem mudar as regras, a janela para o Brasil exportar será de cinco meses, o que tornaria a operação economicamente viável. "As exportações brasileiras de melão não vão competir com os produtores americanos", afirma João Helio Costa da Cunha Cavalcanti Junior, presidente do Sebrae do Rio Grande do Norte. "Nesse período, os Estados Unidos não produzem melão". Hoje, os EUA importam US$ 478 milhões anuais em melões, sobretudo de México, Guatemala, Costa Rica e Honduras. Uma questão é se esses países vão se opor ao pleito do Brasil. Mas os produtores brasileiros afirmam que não vão concorrer diretamente com esses países, que começam a produzir no fim de janeiro.

Os produtores brasileiros tentam, ainda, obter uma classificação alternativa para o melão, com alíquota zero. Hoje, a principal variedade vendida é o cantaloupe, seguido de longe pelo honeydew. Os melões amarelos exportados pelo Brasil são difíceis de encontrar. As exportações brasileiras de melões aos EUA somam pouco mais de US$ 1 milhão por ano. "Da mesma forma que conseguimos criar um mercado para os melões amarelos na Europa, podemos criar aqui nos EUA também", diz Barcelos, da Agrícola Famosa.

O Ceará e o Rio Grande do Norte já têm aprovação fitossanitária para exportar para os EUA, já que são declarados áreas livres da mosca da fruta pelo USDA. Eles também têm uma posição geográfica priveligiada para acessar o mercado americano. As viagens para Nova York dos portos de Natal, Mucuripe e Pecém levam apenas oito dias.

O pleito dos produtores brasileiros foi levantado pela primeira vez em abril, em conversas técnicas paralelas à visita da presidente Dilma ao colega Barack Obama. O Brasil exporta US$ 900 milhões anuais em frutas. Em volume, o melão é a principal fruta exportada, enquanto a manga é líder em receita, com US$ 140 milhões, segundo documento apresentado pelo grupo a autoridades americanas.



Veículo: Valor Econômico


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