Mesmo com recuo do preço do tomate em setembro, inflação da horta está muito acima dos 3,77% do IPCA
Mesmo com a trégua do tomate, o vilão da inflação nos últimos meses, a salada do brasileiro continua salgado. Entre janeiro e setembro, o preço de itens do grupo raízes, legumes e tubérculos aumentou 48,49%, muito acima do índice geral, de 3,77% regisrados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Com isso, a inflação dos legumes está mais alta que a de carnes e peixes, que acumulam alta de 5,46%, e também que a do frango, cujo índice registrou aumento de 5,64% no mesmo período. Só a batata-inglesa subiu 21,61% em setembro ante 4,48% em agosto. No acumulado do ano, a alta chega a 49,25%. Para o economista da Fecomércio do Rio Christian Travassos, a alta de alguns tubérculos já era esperada em razão do clima.
— A batata é um produto que depende de boa hidratação no solo para que as colheitas sejam satisfatórias. Com solo seco, fica difícil de colher. Tradicionalmente, setembro é o mês que tem a menor oferta — disse.
O preço da cebola também pesou no bolso do brasileiro, saltando 16,81% em setembro contra recuo de 1,31% em agosto. Entre janeiro e setembro, o produto subiu 49,15%. Outro produto que teve alta expressiva foi a aipim, com aumento de 11,26% do preço em setembro. No mês anterior, o preço havia subido 2,78%. No acumulado do ano, a inflação do item soma 22,55%
Seguindo uma tendência contrária, o preço do tomate caiu 12,88% no mês passado, ante alta de 18,96% em agosto. Também apresentaram forte queda os preços do pimentão (51,89% em agosto e 2,64% em setembro); do quiabo (21,12% em agosto e - 6,53% em setembro); e da cenoura (12,47% em agosto e - 6,37% em setembro). A queda desses preços puxou a inflação do grupo de raízes, legumes e tubérculos para baixo em setembro, com variação 0,78% contra 10,73% em agosto. No acumulado do ano, porém, tomate e cenoura ainda registram as maiores altas do grupo, de 53,73% e 54,62%, respectivamente.
Segundo o presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Rio, José de Souza e Silva, o aumento dos preços dos legumes registrado nos últimos meses está relacionado com a sazonalidade.
— Não são produtos de inflação permanente, são produtos de inflação temporária. No inverno, a produção é muito menor e os preços de produtos não folhagem como tomate, beterraba e cenoura aumentam — disse.
Com a chegada da primavera e do verão a tendência é que os preços recuem, segundo Silva.
— Esses alimentos gostam de sol e se desenvolvem melhor nessas estações. Não há como o preço puxar para cima — acrescentou.
A inflação do grupo também foi maior que a de outros grupos de alimentos, como o de frutas, que acumulou alta de 7,93% entre janeiro e setembro, o e de hortaliças e verduras, que subiu 13,29% nesse período.
Silva aconselha o consumidor a esperar a redução dos preços dos produtos, já que variam de uma semana para a outra.
— Como são produtos de hortifrutigranjeiro, que dona de casa sempre compra, o consumidor tem que ficar alerta e procurar as ofertas do supermercado. O consumo regula o mercado — complementou.
Alimentação e bebidas responderam por 53% do IPCA em setembro. Na avaliação do economista da Fecomércio, a tendência é que os preços continuem oscilando:
— Está mais difícil produzir alimentos interna ou externamente devido à instabilidade climática. A tendência é que o brasileiro se acostume com os alimentos pesando mais no orçamento — afirmou.
Veículo: O Globo - RJ