Para a indústria local, Minas é a terra do macarrão

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Minas Gerais: terra do macarrão? É o que está sugerindo a indústria de massas do Estado. As maiores empresas mineiras do setor reuniram-se para fazer cálculos e concluíram que, embora a produção total de Minas Gerais ainda seja menor que a de São Paulo, há motivos para acreditar que em breve os paulistas vão deixar de ser os maiores fabricantes do produto que é a principal herança da imigração italiana no país.

 

A produção da indústria mineira é hoje de 35,5 mil toneladas por mês. A de São Paulo é de 45 mil toneladas. Mas as indústrias mineiras argumentam que a produção do Estado é mais expressiva que a de São Paulo se for considerada a produção per capita. Enquanto a paulista é de 13,5 quilos por habitante, a mineira é de 21 quilos por habitante. "Se olharmos a produção per capita, já somos maiores que São Paulo", diz Cézar Tavares, o vice-presidente da Vilma Alimentos, uma das maiores fabricantes de massas de Minas. É preciso considerar, no entanto, que a população de São Paulo é de 39,8 milhões de pessoas, enquanto a de Minas é de 19,3 milhões de habitantes. 

 

A indústria ressalta que o consumo mineiro também tem sido significativo. O consumo per capita de massas no Brasil é de 6,2 quilos por ano. Em Minas, é estimado em pelo menos 7,5 quilos por ano. 

 

A grande imigração italiana no Estado parece ser a explicação para o alto consumo de macarrão. Entre 1894 e 1897, Minas Gerais recebeu cerca de 50 mil imigrantes italianos, sobretudo da região norte da Itália. Os descendentes desses imigrantes representam hoje 1,5 milhão de pessoas, ou 7,5% da população do Estado. 

 

Mais instruídos do que os italianos que foram parar nas lavouras do sul do Brasil, os imigrantes contratados por fazendeiros de Minas ficaram menos tempo no interior - dez anos, em média - e migraram para centros urbanos. A comunidade de descendentes de italianos está hoje concentrada em cidades do sul do Estado e, principalmente, na capital Belo Horizonte. Não por acaso, a seção mineira da Associação Brasileira de Massas Alimentícias (Abima) quer lançar a campanha "Belo Horizonte, capital nacional do macarrão." 

 

Um dos chefs mais respeitados do Estado, Ivo Faria, do Vecchio Sogno, garante que não é exagero dos empresários mineiros. "Para o mineiro, massa é considerada uma guarnição no lugar do arroz", explica o chef. "Para o paulista, a massa é o próprio prato." 

 

No sofisticado cardápio do Vecchio Sogno, não faltam opções de carnes acompanhadas de massa. "É o que mais sai na casa", informa Ivo Faria. O gosto do mineiro pelo macarrão, diz o chef, independente de classe social. O prato feito tradicional em Minas tem de ter, obrigatoriamente, macarrão além de arroz, feijão, bife, uma folha de alface e uma rodela de tomate. 

 

Além disso, quem passou a juventude em Belo Horizonte sabe que um dos programas tradicionais na cidade é fechar a noite encarando o espaguete do "Bolão", no bairro de Santa Tereza - um dos ícones belorizontinos. 

 

As sete maiores fábricas de Minas vendem grandes lotes para programas de governo em Estados como Paraná e Goiás. Além da Vilma Alimentos, são grandes fabricantes de massas no Estado a Santa Amália, a Chiarini, a Periquito e a Petisco e Mara. 

 

Veículo: Valor Econômico


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