De um lado está a Souza Cruz, com 74% das vendas nacionais de cigarro, em volume. De outro, a Philip Morris, com cerca de 10%. As duas empresas são as protagonistas de um fenômeno inédito na indústria de cigarros nacional: a guerra de preços.
A briga começou em abril, quando o governo aumentou a carga tributária que incide sobre os cigarros. Para compensar a alta nos impostos, a indústria teria de aumentar preços em 19%, conforme cálculos do Barclays Capital. Normalmente, nessas ocasiões, as fabricantes aproveitam para fazer reajustes além do necessário e, assim, continuam elevando lucros mesmo com queda no número de fumantes.
Mas a Philip Morris decidiu fazer diferente. Aumentou o preço de sua principal marca - a Marlboro - em apenas 17%. Em seguida, a Souza Cruz reduziu o preço de suas marcas premium - mas só nas praças onde a fatia da rival é maior (SP, PR, RS e SC).
Na semana passada, a batalha teve mais um "round". Em preparação para uma nova alta de impostos marcada para janeiro, a Souza Cruz aplicou mais uma aumento, de 16%, em média. Mas surpreendentemente manteve os preços inalterados nos estados onde a briga com a Philip Morris é mais acirrada. "Isso nunca aconteceu. A Souza Cruz sempre faz reajustes nacionais. É um claro sinal de guerra de preços por participação de mercado", diz Gabriel Vaz de Lima, analista de empresas de bens de consumo do Barclays.
Veículo: O Estado de S.Paulo