Gasto do brasileiro com refeição fora de casa avança 40% em 5 anos

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A cada R$ 100 que o brasileiro gasta com alimentação, R$ 31 são investidos em refeições fora do lar, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A quantia avançou 40% nos últimos cinco anos e deve crescer mais 50% até 2020, segundo estimativa do mercado. A resposta do setor produtivo ao novo modo de consumo das famílias tem sido imediata, provocando uma corrida de empresários para o segmento, no qual os negócios estão se multiplicando com investimentos brasileiros e do capital internacional.

Dados da consultoria Global Franchise Net dão conta de que nos próximos 10 anos os negócios em alimentação vão dominar 50% do setor de franquias, o que significa dizer que serão aproximadamente 2 mil marcas só no segmento. Um dos principais responsáveis pelo boom no setor é a melhoria de renda da população, que investe na modalidade também como lazer. Há cinco anos, a proporção dos gastos com refeições fora de casa não ultrapassava R$ 21 a cada R$ 100. A estimativa é que em oito anos o valor atinja R$ 45, número parecido com os gastos dos americanos em que quase 50% das despesas com alimentos não é feita em casa.

“A ascensão das novas classes sociais está levando um contingente muito grande de pessoas a buscar esses mercados, o que não existia até bem pouco tempo atrás”, diz Paulo César Mauro, diretor-presidente da Global Franchise Net. O interesse pelos gastos do brasileiro na alimentação fora do lar se amplia também por parte de redes estrangeiras interessadas em propagar por aqui modelos internacionais de comida pronta, que vão da culinária caribenha a sorvetes refrescantes. “Recebemos pelo menos uma consulta por semana de grupos internacionais interessados em abrir negócios por aqui.” Para citar alguns exemplos de redes que estão negociando sua vinda para o Brasil, Mauro aponta os grupos americanos Sbarro, rede de comida italiana, a Pollo Tropical, com sabores inspirados na culinária caribenha, e o Arábica Café, que opera modelo parecido com a cafeteria Starbucks, além da franquia Sub Zero, especializada em sorvetes e iogurtes e que permite ao cliente escolher os ingredientes utilizados na produção.

Opção de investimento

O interesse pelo setor é impulsionados também pela queda da taxa básica de juros (Selic). Com a renda menos atraente nos fundos de investimentos, montar o próprio negócio é uma alternativa para fazer o dinheiro render. Paulo César Mauro cita também o retorno do negócio. “O mercado de franquias tem crescido próximo de 17% ao ano. É difícil corrigir o capital nessa proporção com investimentos financeiros”, defende. Em nove anos, os gastos dos brasileiros com alimentação fora do lar dobraram, atingindo R$ 121,4 bilhões no ano passado, segundo dados do Instituto Data Popular. A pesquisa apontou também que a classe C corresponde a 54,6% do contingente da população que come fora de casa.

Franquias nacionais aproveitam para surfar na onda. Paulo Nonaka, diretor-executivo do Grupuai, especializado em consultoria e administração de franquias, há 12 anos transformou a rede de pastelarias Fujyama em uma franquia que hoje tem 23 lojas na Grande BH. Há dois anos, ele inaugurou a Pão.Com, negócio que contou com investimento de R$ 400 mil e está pronto para ser franqueado.

Espécie de fast food brasileiro, a Pão.Com traz opções de lanches com sanduíches no pão francês recheados por carnes como pernil, linguiça e picanha. No modelo, a batata frita pode ser substituída pela mandioca frita. “O investimento médio por loja da Pão.Com é de R$ 280 mil”, diz Nonaka. De olho no segmento da alimentação, ele acredita que a demanda em alta é o combustível. “Até 2020 teremos 4 mil franqueadores no Brasil, o dobro do que temos hoje. O setor de alimentação vai liderar o segmento”, aposta.

Dados da Global Franchise Net aponta que o retorno médio para o investimento em franquias é de 35% ao ano sob o valor investido, sendo que a participação do franqueado varia entre 3% e 10%. “Para quem não tem o capital inicial, antes de procurar o banco o melhor é tentar conseguir um sócio”, alerta Mauro.



Veículo: Diário de Pernambuco


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