Olivicultores, alambiques e produtores de cerveja ganham um fórum de diálogo permanente com o governo gaúcho
O governo do estado deu ontem um passo importante na tentativa de tornar mais promissora a produção de olivas, cachaça e cerveja no Rio Grande do Sul. Com a instalação da Câmara Setorial das Oliveiras e da Câmara Temática das Bebidas Regionais, a Secretaria da Agricultura pretende, por meio da articulação setorial, organizar as cadeiras produtivas e torná-las mais rentáveis.
A Câmara Setorial das Oliveiras será coordenada pelo técnico da Secretaria da Agricultura, Jorge Luiz Hoffman, e contará com a participação de toda a cadeia produtora de azeite de oliva extra virgem do Rio Grande do Sul. Segundo o produtor José Alberto Aued, o Estado tem atualmente cerca de 600 hectares plantados e já estruturou todos os elos necessários à atividade, como o cultivo de mudas, a instalação de agroindústria para a extração do óleo e a comercialização. “Temos a perspectiva de, em 2013, alcançarmos mais 300 hectares plantados com mudas de alta qualidade, produzidas aqui. Conseguimos, com o apoio das universidades e dos órgãos de pesquisa, encontrar uma variedade adaptada ao nosso clima e ao nosso solo, que tem um desenvolvimento muito rápido e produz 10 toneladas por hectare ao ano, enquanto na Itália a produção é de seis toneladas anuais”, ressaltou.
A Associação de Olivicultores do Rio Grande do Sul passa por uma reestruturação, para dar representatividade a mais de 90% da área plantada. Aued afirmou que o crescimento da atividade depende diretamente do apoio do Estado. Isso porque é necessário ampliar as pesquisas no Rio Grande do Sul, desenvolver intercâmbios, ampliar as linhas de crédito para a implantação de agroindústrias e para a importação de maquinário e criar um selo de qualidade.
Segundo o governador em exercício, Beto Grill, produtores e empreendedores das agroindústrias já haviam procurado o governo para apresentar suas preocupações e conseguiram demonstrar as potencialidades de cada atividade - o que justificou a instalação desses espaços de diálogo. “A base da riqueza do Estado será mantida e ampliada se buscarmos as potencialidades do campo”, destacou Grill.
As demandas são semelhantes às apresentadas pelos produtores de cachaça artesanal e de cervejas regionais. Os trabalhos da câmara temática serão coordenados pela técnica Luciana Scarton, da Secretaria da Agricultura. Ela ponderou, porém, que no caso das bebidas, o pedido de incentivo se traduz mais claramente como uma questão tributária. Dados da Associação Gaúcha das Micro Cervejarias aponta que, no Estado, operam 37 microcervejarias que, em conjunto, têm uma produção mensal equivalente a um turno da unidade da Ambev. Ainda assim, essas empresas estão sujeitas às mesmas cobranças.
Já o diretor-executivo da Associação dos Produtores de Cana de Açúcar e Seus Derivados (Aprodecana), Fernando Andrade, apontou outra particularidade do setor: a informalidade. Segundo ele, em 2006, o IBGE indicou a existência de 1.056 produtores e apenas 46 têm registro no Ministério da Agricultura. “Perdemos, sobretudo, quando competimos com o produto mineiro. Lá, além de incentivos, a cachaça paga 12% de ICMS. Aqui é 17%, e estamos sujeitos à substituição tributária, o que eles não estão”, detalhou.
Veículo: Jornal do Comércio - RS