Produtores esperam bons resultados em 2013

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Expectativa para a produção de verão é de preços atrativos com a baixa interferência do clima nos resultados a campo


Ao contrário do que ocorreu em 2012, quando os gaúchos tiveram suas lavouras de soja e milho dizimadas pela estiagem, a expectativa para o ano que começa é positiva, com poucos transtornos climáticos e mercado aquecido. No caso da soja, o bom desenvolvimento das lavouras, que se encontram em fase de crescimento vegetativo, faz com que os produtores apostem em uma produção de 11,3 milhões de toneladas para o período, contra 7 milhões de toneladas do ano anterior.

“Pode ser até maior, chegando a 12 milhões de toneladas, especialmente se tivermos confirmadas as previsões de chuvas dentro na normalidade”, apontou o coordenador da Comissão de Grãos da Farsul e diretor financeiro da entidade, Jorge Rodrigues. “A soja está com bom desenvolvimento, mas as lavouras devem se consolidar a partir do final de fevereiro”, complementa o engenheiro-agrônomo da Emater-RS Dulpe Pinheiro Machado.


Para Rodrigues, esse aumento de área indica uma “nova fronteira” para a agricultura gaúcha, especialmente em direção ao Sul do Estado, em áreas tradicionais de arroz e pecuária. “Essa rotação de arroz e soja já vem ocorrendo há algum tempo e tem obtido sucesso”, constata. A produtividade estimada para a soja gaúcha é de 40 a 45 sacas por hectare.

No que diz respeito ao mercado para a oleaginosa, o professor de economia da Unijuí Argemiro Luís Brum, afirma que fatores como o câmbio e o impacto da quebra parcial da safra norte-americana em Chicago devem colaborar para a elevação dos valores da soja. “Esperamos que para março e abril os valores oscilem entre R$ 48,00 e R$ 54,00 a saca, preços mais baixos do que os do ano passado, mas que devem garantir boa rentabilidade caso se confirme safra cheia”, apontou.  Brum lembra que cerca de 30% da safra já foi comercializada, com vendas antecipadas no valor de R$ 60,00 a saca.

Por outro lado, Rodrigues, da Farsul, afirma que as lavouras de milho devem ter redução de 15% em produção, em função da geada, seguida por estiagem na fase inicial do plantio, reduzindo a expectativa de colheita para 5,1 milhões de toneladas, conforme levantamento da própria entidade. Em 2012, foram colhidas cerca de 4 milhões de toneladas. Conforme dados da Emater-RS, a área cultivada teve redução de 5,55%, passando de 1,11 milhão de hectares para 1,05 milhão. Ao contrário da soja, as áreas com o cereal se encontram em estágio produtivo mais avançado, chegando a 70% de lavouras já consolidadas.

Se o cenário a campo é um pouco adverso, o mesmo não ocorre em relação aos preços. Argemiro Brum acredita que a alta demanda pelo milho, frente à redução de produção, deve manter as cotações em patamares interessantes. “É possível que alcancemos de R$ 30,00 a R$ 35,00 a saca de 60 quilos, valores que devem ter redução na época da colheita, pela pressão de oferta, devendo se recuperar logo em seguida”, destacou.

A produtividade deve ficar em torno de 80 sacas por hectare, podendo chegar a 120 sacas por hectare em propriedades mais tecnificadas. Sobre as expectativas para 2013, Jorge Rodrigues diz que o ano sinaliza com fatores que motivam os agricultores a “produzirem e venderem a preços justos”. No entanto, destaca a importância de manter a cautela, pois as oscilações de mercado podem ocorrer de uma hora para a outra. “Já se fala em aumento da comercialização de máquinas, mas é preciso ter cuidado ao assumir novos compromissos”, alertou.


Baixas temperaturas deixam arrozeiros em alerta

Entre as culturas de verão, a do arroz é a que ainda preocupa os produtores, em função do frio que chegou a 8 graus nesta semana, em algumas regiões produtoras. “O frio fora de época gera plantas inférteis, e podemos ter redução importante na produtividade”, salientou o vice-presidente da Federarroz, Daire Coutinho Neto, que mantém a expectativa de colheita de 7,6 milhões de toneladas. Conforme dados da Emater-RS, a área cultivada registrou queda de 2,9% em relação a 2012, ficando em torno de 1 milhão de hectares. O mesmo se espera para os índices de produtividade, os quais devem se manter em torno de 7,5 mil quilos por hectare. “A expectativa de produção é muito semelhante à do ano passado”, afirma Dulpe Pinheiro Machado.

No que diz respeito ao mercado do arroz, Argemiro Brum, da Unijuí, informa que os valores,  hoje em torno de R$ 35,00 a saca, podem alcançar até R$ 40,00, com tendência de baixa  para R$ 30,00 com a entrada da safra pelo ingresso de arroz do Mercosul e pela possibilidade de safra cheia no Estado. “São preços bons, se considerarmos que há cerca de um ano a saca era cotada a R$ 18,00. Mas não conseguiremos evitar a queda, a não ser que conseguíssemos exportar mais”, avaliou.

O vice-presidente da Federarroz destaca ainda a importância de que sejam suspensos os leilões realizados desde agosto pelo governo federal, fator que, segundo ele, tem colaborado para achatar os preços do cereal. “Foram mais de 260 mil toneladas vendidas de agosto até hoje. Parte desse montante de arroz de qualidade inferior, cujos preços mais baixos acabaram refletindo no mercado como um todo”. Os preços do arroz oscilam entre R$ 35,00 e R$ 36,00 a saca. Outro problema aprontado por Neto se refere à entrada de arroz do Mercosul, medida que também colabora para a redução dos preços. “É preciso criar cotas de importação para evitar que as vantagens tributárias do cereal importado achatem os valores do produto internamente”, destacou.


Veículo: Jornal do Comércio - RS


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