Whirlpool avança na AL com produção terceirizada

Leia em 3min 10s

A Whirlpool, líder mundial em produtos de linha branca, está adotando em outros países da América Latina uma estratégia diferente da aplicada no Brasil, onde fabrica 100% dos produtos vendidos. Nos mercados vizinhos, a produção é toda feita por parceiros locais. "Não temos preconceito com a terceirização. Não precisamos fabricar os produtos, precisamos ter ideias fora da caixa", disse ao Valor o presidente da Whirlpool, João Carlos Brega, que assumiu o comando na América Latina em abril passado. A companhia teve receita líquida de US$ 4,9 bilhões em 2012 na região - 50% disso vem da operação brasileira.

Brega está na companhia há 18 anos. Foi presidente da Embraco, fabricante de um em cada quatro compressores vendidos no mundo, que pertence ao mesmo grupo, e da Whirlpool no México e no Canadá. Também foi diretor de operações para Argentina e Chile. Segundo ele, "ainda há grandes oportunidades nesses países [da América Latina]". No novo cargo, mantém a responsabilidade sobre as operações da Embraco, além da Whirlpool na América Latina.

Na Argentina, as lavadoras e refrigeradores da Whirlpool são fabricados por indústrias locais como Mirgor, Alladio, Macoser, Orbis, Spar e recebem a marca da multinacional quando saem da linha de produção. Na Colômbia, refrigeradores começarão a ser produzidos no fim de 2013 pela Haceb, com quem a Whirlpool firmou parceria, com participação de 50% no negócio.

As vendas na América Latina no quarto trimestre de 2012 aumentaram 14%, para US$ 1,3 bilhão, sem os efeitos cambiais provocados pela valorização do real. A dona da marca Brastemp elevou volumes, preços e melhorou o mix de produtos na região. No Brasil foram lançados 140 produtos. Para este ano, Brega prevê mais 150.

"Nosso trabalho é promover a obsolescência por [avanço de ] tecnologia", diz o presidente, que integra o comitê global da companhia com mais sete executivos.

Brega passa metade do ano em viagens. Em 2012, só na China foram 89 dias. Para suportar o ritmo, o executivo, formado em administração de empresas, é metódico. Nos hotéis nos quais se hospeda, organiza seus pertences sempre no mesmo lugar. Na empresa, é disciplinado com o tempo. Dá valor a conversas pessoais, em pequenos grupos, que servem para incentivar carreiras e estimular talentos.

Alimentar o mercado com novidades que superem as antigas, para "encantar o consumidor", como gosta de repetir o presidente da Whirlpool, é uma obrigação. Um exemplo de novo negócio foi a entrada no segmento de purificadores de água por assinatura, um formato que até então a companhia não adotava. Esse produto atrelado a um serviço aproxima mais a companhia do consumidor - um técnico é enviado à casa o cliente, com regularidade. E abre para a Whirpool novas possibilidades na oferta de serviços para as marcas Brastemp e Consul.

Brega é pragmático ao comentar a política de estímulo ao consumo adotada pelo governo federal no ano passado, com redução e isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para diversos eletrodomésticos. "A redução de IPI traz clientes para a loja, mas se não há produtos não adianta", diz, referindo-se a novidades.

A projeção para este ano é que as operações do Brasil e da América Latina cresçam entre 3% e 5% - mesma taxa esperada para Ásia.

A Eletros, associação que representa o setor no Brasil, fez um estudo por encomenda do governo para suprir com eletroeletrônicos as moradias populares do programa "Minha Casa Minha Vida". Se aprovado, impulsionaria o setor de linha branca como a redução do IPI. Segundo o presidente da Eletros, Lourival Kiçula, o estudo iniciado em maio está parado desde as eleições de outubro. O programa pretende construir 2 milhões de casas e apartamentos até 2014.



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Indústria de alimentos deveria ser mais regulada, defende artigo

Artigo publicado em uma edição especial da revista médica "Lancet" sobre o combate às doen&c...

Veja mais
Como Marcos Arede convenceu a CVS a comprar a Drogaria Onofre

Ele seduziu a CVSComo o empresário Marcos Arede conseguiu convencer a maior rede farmacêutica do mundo a co...

Veja mais
MBAs incentivam negócios na área de alimentos orgânicos

Após formar-se no Babson College, em 2011, concluindo um curso de MBA, Rachel Greenberger começou a trabal...

Veja mais
Produtor quer mudar regra de embalagem

A indústria papeleira nacional vai pedir à Receita Federal que o rótulo obrigatório de ident...

Veja mais
Bombril ganha ação contra cópia de embalagens

A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve decisão da justiça de São Paulo...

Veja mais
Aquisições no setor de alimentos devem desaquecer-se em 2013

Impulsionado pelo aumento do poder de consumo do brasileiro, o setor de alimentos e bebidas lidera a atraçã...

Veja mais
Mercado de mascar sofisticado

O mercado brasileiro de doces e chicletes saiu da casa dos R$ 8 bilhões, em 2007, e atingiu cerca de R$10,8 bilh&...

Veja mais
Herdeiro do ‘modelo Pernambucanas’, dono da Seller quer chegar a 80 lojas

Em 2013, varejista de moda e utensílios domésticos prevê abertura de novas lojas e também aqu...

Veja mais
Hortaliças e legumes puxam alta de preços nas feiras livres de Niterói

Os alimentos continuam a puxar a inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (...

Veja mais