As cotações do café continuaram com sua trajetória de queda no mês de fevereiro. O mercado continua pressionado por um cenário de melhora na oferta global na temporada 2012/13, combinada com uma demanda acomodada, tranqüila em relação ao abastecimento e com o movimento comprador prejudicado pela crise econômica.
A safra brasileira de café 2012 foi ampla, de ciclo alto produtivo dentro da bienalidade das lavouras. Em outros países, sem grandes saltos na produção, as safras também foram boas, ou ao menos regulares, normais, o que gerou um ambiente de segurança entre os compradores, de alívio após anos seguidos de oferta limitada e de queda nos estoques.
Com a crise econômica europeia, de crédito, e com Estados Unidos, China e outras nações com crescimentos abaixo do esperado, os compradores perderam o fôlego para alongar estoques. Assim, a estratégia é manter compras da mão-para-boca, suprir necessidades imediatas, e não trazer ao mesmo tempo pressão de alta nos preços do café. E isso vem funcionando.
Segundo o analista de Safras & Mercado Gil Barabach, outro fator baixista tem sido a substituição, por parte das indústrias, de cafés arábica por mais grãos robusta, de qualidade e preço inferiores. A oferta global ainda está ajustada à demanda, é bem verdade, não há grandes sobras de produto. Entretanto, com o Brasil colhendo uma grande safra e os compradores enfrentando dificuldades de um quadro macroeconômico negativo, as cotações não encontram melhor sustentação.
Os produtores brasileiros de café pedem ações do governo para sustentar os preços e garantir melhor renda. Os cafeicultores retiveram até agora boa parte da safra 2012 e não viram reflexos positivos nos preços. E, neste momento, ter uma fatia maior a negociar do que o normal não é bom, porque se avizinha a safra 2013.
Assim, a tendência segue negativa no mercado de café, tendo em vista, justamente, que o Brasil ainda detém grande parte da safra 2012 a negociar e nos próximos meses começa a colheita da safra 2013. Ela será de uma produção menor em relação a 2012, mas tende a ser boa dentro de suas limitações.
Por outro lado, há fatores inegáveis de sustentação para as cotações. São fortes as preocupações com o clima em meio às floradas para o robusta no Vietnã. E, principalmente, a América Central enfrenta severos problemas em diversos países com doenças fúngicas. A questão é que, enquanto a oferta seguir a contento, e a demanda acomodada por estratégia e/ou por aspectos macroeconômicos - crise -, dificilmente haverá uma recuperação significativa das cotações.
Veículo: Diário do Comércio - MG