Varejo na mira do private equity

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Os investimentos de fundos private equity – que adquirem participação de empresas de capital fechado – foram de R$ 14,871 bilhões no ano passado, um aumento de 26,5% sobre o valor de R$ 11,848 bilhões em 2011.
 
Os dados são de levantamento realizado com as 20 principais gestoras do País pela KPMG, em parceria com a Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP). De acordo com a pesquisa, apresentada durante o congresso da entidade ontem, 22% dos recursos investidos no ano passado foram em companhias do setor de varejo, que deve continuar aquecido neste
 
Em segundo lugar entre as que mais receberam investimentos, ficaram empresas  do setores de óleo e gás (13%), real state e construção civil (13%), alimentos e bebidas (11%), tecnologia da informação (7%) e infraestrutura (6%). Em 2011, a infraestrutura liderou os investimentos de fundos, com 13%, e o varejo ocupa a 11ª posição, com 5% do total de investimentos.
 
Especialistas divergem sobre o potencial da infraestrutura de atrair investimentos de private equity neste ano. Para o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, os fundos não devem aportar grandes recursos em projetos da área porque costumam investir em uma empresa e não em um projeto isolado. Além disso, destacou, o investidor de private equity tem mais receio com o risco do governo.
 
Já o sócio-diretor da Rio Bravo Investimentos e vice-presidente da ABVCAP, Luiz Eugenio Figueiredo, lembra que o setor de infraestrutura continua com potencial para crescer neste ano, até mesmo por necessidade do Brasil.
 
O levantamento da KPMG e ABVCAP mostra que o capital comprometido para os fundos de private equity foi de R$ 83 bilhões em 2012, uma alta de 31% sobre os R$ 64 bilhões de 2011. O capital comprometido inclui o que foi efetivamente investido e o que está provisionado, mas ainda não entrou no caixa das empresas. O presidente da ABVCAP e sócio-diretor e superintendente da gestora CRP, Clovis Meurer, diz que o crescimento de capital comprometido foi maior do que a média de 20% a 25% ao ano dos últimos 15 anos. "O private equity continuará em ascensão porque há muita poupança e a taxa de juro caiu muito. Há também muitas empresas para investir", diz.
 
Neste ano, a principal origem do capital comprometido foi nacional (51%) enquanto a participação de recursos estrangeiros foi de 49%. Em 2012 também houve aumento de 66% no total de saída dos fundos das empresas (desinvestimentos), sendo 46% delas realizadas na bolsa de valores, principalmente por venda secundária. O desinvestimento é o retorno do dinheiro e mais dividendos para o investidor.
 
Consumo forte – O consumo deve continuar sendo a bússola dos investidores neste ano. A presidente e diretora-executiva da LAVCA (Latin American Venture Capital Association), Cate Ambrose, avaliou que o investidor estrangeiro tem olhado o setor de consumo e varejo como o mais interessante para se investir no Brasil atualmente.
 
O sócio da gestora Gávea Investimentos, Piero Minardi, disse que o consumo cresce de forma sustentada no País. Entre as participações do Gávea no setor de varejo, os destaques são a rede de farmácias Droga Raia e, recentemente, a Camisaria Colombo.
 
Para o CEO da RiHappy, Hector Nunez, o setor de varejo continuará crescendo por causa do pleno emprego. "As pessoas vão continuar consumindo, embora cada segmento do varejo tenha uma realidade. O de brinquedos cresceu 14% ao ano nos últimos seis anos", afirma.
 
A RiHappy teve 85% de participação adquirida pelo fundo de private equity do Grupo Carlyle, no ano passado, em uma transação que envolve um investimento de R$ 200 milhões que serão realizados em três anos. "Nos organizamos para os próximos passos rapidamente, principalmente com a aquisição da PBKids. Agora, é expandir as lojas e o modelo de venda no e-commerce", afirma Nunez.
 
Ancorado no mercado de trabalho e em uma visão de longo prazo, o investimento de private equity no setor de varejo não tem sido influenciado tanto por indicadores pessimistas, como a alta da inflação. "Ignoramos a questão macroeconômica e olhamos para o micro quando escolhemos comprar participação na Arezzo (grife de sapatos). Hoje, procuramos novas Arezzos no varejo", afirmou o CEO da gestora Tarpon, Pedro Faria.
 
Chegam as seguradoras
 
Antes um ativo de domínio de investidores institucionais e de fundos de pensão, as cotas de fundos de private equity estão atraindo mais family offices (que fazem a gestão de fortunas familiares) e, em breve, até seguradoras. A informação é do presidente da ABVCAP e sócio-diretor e superintendente da gestora CRP, Clovis Meurer. Segundo ele, as seguradoras têm cerca de R$ 400 bilhões de reservas técnicas livres e não investem em private equity, colocando boa parte dos recursos em renda fixa e variável.
 
 "Os recursos administrados para planos de previdência têm uma parte livre que deve ser aplicada por um longo período, de cerca de 30 anos, que poderia ir para o private equity. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) deve propor mudança regulatória para que parte possa ser aplicado no private equity", diz Meurer.
 
Segundo levantamento da ABVCAP e KPMG, no ano passado 16% dos investidores nacionais em private equity eram fundos de pensão. Apesar do crescimento de quatro pontos percentuais em relação a 2011, os investidores institucionais originaram a maior parte dos recursos para os fundos, com participação de 27%.


 
Veículo: Diário do Comércio - SP


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