Agricultores familiares do Espírito Santo comemoram o acordo de exportação de mais de 1,2 mil toneladas de café do tipo Conillon (Robusta) para Cuba. A transação corresponde a 10% da produção anual da Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), selecionada pelo governo cubano.
Desde 2005, o governo brasileiro, via Câmara Brasileira de Comercio Exterior (Camex), oferece a Cuba crédito para compra de gêneros alimentícios, viabilizando, por outro lado, a exportação de empresas brasileiras para aquele país. Anualmente, parte deste crédito é usada para a compra de café, um dos produtos mais importantes da cesta cubana. O país compra todos os anos entre oito e nove mil toneladas de café brasileiro, o que equivale a mais de US$ 23 milhões.
A expectativa para a compra inicial era de 600 toneladas de café, quantidade que, após negociações, mais do que dobrou. A compra movimentou US$ 3 milhões, o equivalente a mais de R$ 6 milhões, valor a ser pago com aporte de 15% do governo de Cuba e 85% financiados pelo Programa de Financiamento às Exportações (Proex).
As 20,5 mil sacas de café, negociadas a R$ 275 cada, valor R$ 7 acima do preço de mercado, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), serão entregues em duas etapas. A primeira, para maio deste ano, contemplará 7,8 mil sacas de café e deve beneficiar mais de 50 famílias de agricultores. Em agosto, a cooperativa enviará as 12.675 sacas restantes, incluindo a produção de cerca de 100 famílias.
De acordo com o TradeMap, o Brasil foi responsável por 93% do café importado por Cuba em 2011. O café Conillon representa aproximadamente 33% da produção brasileira total de café, e é encontrado, principalmente, nos estados do Espírito Santo, Rondônia e Bahia. Segundo dados do último Censo Agropecuário, de 2006, a agricultura familiar é responsável por 38% da produção nacional de café, envolvendo mais de 190 mil estabelecimentos agropecuários, nos quais esta cultura representa no mínimo um terço da renda das famílias.
O crédito oferecido a Cuba faz parte do Programa de Financiamento às Exportações (Proex), um projeto do governo federal de apoio às exportações brasileiras de bens e serviços, que viabiliza o financiamento em condições equivalentes às praticadas no mercado internacional. A expectativa para 2013 é que o governo brasileiro financie cerca de US$ 50 milhões de exportação de alimentos para aquele país, cuja demanda pode ser atendida também pela agricultura familiar brasileira, uma vez que o setor familiar responde por grande parte da produção de itens como feijão preto (76%), arroz (35%), milho (47%) e frango (50%).
Veículo: DCI