País perde até US$ 83 bilhões com gargalo logístico

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Paulo Rezende, da Fundação Dom Cabral, compara custos entre Brasil e Estados Unidos

O Brasil, segundo cálculos do professor Paulo Rezende, da Fundação Dom Cabral, perde anualmente US$ 83 bilhões apenas com o custo logístico. O professor afirma que a cifra é o quanto os empresários brasileiros precisam pagar a mais do que concorrentes americanos para exportar ou vender no mercado interno produtos semelhantes.

De acordo com seu estudo, as empresas comprometem até 13% de suas receitas apenas para que seus produtos cheguem a seus clientes. “Para se ter ideia do que é este custo, um produto que chega da China à cidade de Cuiabá têm 75% de seu custo logístico pago no trânsito entre Santos e o destino. Se um produto paranaense tem de ir para uma cidade litorânea, não há qualquer condição de competir com um importado”, explica.

Para o professor, o Brasil chegou no limite do crescimento devido à este gargalo. Ele afirma que o país luta para se manter competitivo na produção, mas que a falta de alternativas para o transporte impede que empresas cresçam. “A distância entre a competitividade na produção e na logística deixou o país em uma posição delicada. Qualquer oscilação positiva vai expor feridas enormes na economia”, diz.

Rezende diz ainda que os problemas de escoamento da safra agrícola deste ano são uma prova de que os sistemas rodoviário e ferroviário estão esgotados. “Se o Brasil produzisse 20% a mais de grãos, os portos de Santos e Paranaguá travariam. Em suma, não só a safra de 2014, mas também a de 2015, já estão comprometidas.”

Para Raul Velloso, ex-ministro do Planejamento, o governo está trabalhando para resolver este problema. “Não há outra alternativa às concessões para melhorar a infraestrutura. Governos e estados desaprenderam a investir. Eles precisam colocar as obras nas mãos do capital privado e estrangeiro”, afirma.

Reclamações
A falta de investimentos em infraestrutura logística é reclamação recorrente entre as mais diversas entidades representantes do setor produtivo. Menos de R$ 100 bilhões são investidos anualmente na área.

Para melhorar este cenário, a Associação Brasileira da Infra- Estrutura e Indústrias de Base (Abdib) pede que a Medida Provisória 595, a “MP dos Portos”, seja urgentemente aprovada no Congresso Nacional.

Na visão da Abdib, os mecanismos regulatórios previstos na MP são essenciais para atrair investimentos. “Essa decisão (de aprovar a MP) é extremamente necessária para o setor produtivo recuperar parte da competitividade perdida nas últimas décadas por causa da deficiente infraestrutura logística.” Até decisões monetárias, como a elevação da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central, são questionadas devido aos parcos investimentos.

Para a Associação Brasileira da Indústria de Plástico (Abiplast), o aumento de 0,25% da taxa Selic, anunciada na quarta feira, atrapalha os investimentos em infraestrutura. “O governo ampliará em cerca de R$ 4 bilhões os gastos com pagamento de juros aos bancos, recursos que poderiam ser direcionados para investimentos para melhorar a nossa infraestrutura”, diz José Ricardo Roriz Coelho, presidente da associação.



Veículo: Brasil Econômico


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