Com as cotações domésticas tendo alcançado a paridade de importação, o mercado brasileiro de algodão começa a dar sinais de fraqueza nos referenciais de preços. "Este comportamento deve ganhar força com a notícia de que a Camex aprovou, no dia 9 passado, a isenção da alíquota para a importação de 80 mil toneladas de algodão, entre 1º de maio e 31 de julho", explica o analista de Safras & Mercado lcio Bento. Antes da desoneração, a alíquota do produto era de 10%.
A medida atende a reivindicações da indústria têxtil que encontra dificuldade de abastecimento. "O reflexo sobre as cotações nacionais dependerá do comportamento do lado da oferta", frisa Bento. Entretanto, mantida a situação de preços internacionais e câmbio, as cotações domésticas já devem ter atingido o seu pico na temporada atual. Para o analista, o momento ainda é atrativo para negociar lotes remanescentes da safra velha. Na quarta-feira passada, a fibra de melhor qualidade foi indicada a R$ 2,14 por libra-peso no CIF de São Paulo.
O relatório de abril de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), divulgado no dia 10, estimou a produção de algodão do país na temporada 2012/13 em 17,29 milhões de fardos, ante 17,01 milhões no mês anterior.
As exportações deverão ficar em 13 milhões de fardos em 2012/13, ante 12,75 milhões no relatório passado. O consumo interno foi previsto em 3,40 milhões de fardos, igual ao mês anterior.
Baseado nas estimativas de produção, exportação e consumo, os estoques finais norte-americanos foram previstos em 4,20 milhões de fardos para a temporada 2012/13, mesmo patamar do mês passado.
Para a temporada 2011/12, é esperada produção de 15,57 milhões de fardos, exportações de 11,71 milhões de fardos, consumo de 3,3 milhões de fardos e estoques finais de 3,35 milhões de fardos.
Cotação do algodão em baixa
A safra 2012/13 de algodão em Minas sofrerá retração de pelo menos 30% em relação ao período anterior
Desoneração de imposto para 80 mil toneladas da pluma afetou preços no mercado interno.
Os preços da pluma de algodão em Minas Gerais apresentaram retração após o anúncio da desoneração do Imposto de Importação para 80 mil toneladas de pluma entre 1º de maio e 31 de julho. Com a redução dos valores, os produtores estão receosos em relação aos preços que serão pagos pelo produto ao longo dos próximos meses, período em que ocorre a colheita do algodão no Estado.
A Câmara de Comércio Exterior (Camex), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), aprovou, na semana passada, o pedido de alíquota zero para a importação de fibra de algodão solicitado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit)
O volume a ser importado com isenção de impostos, 80 mil toneladas entre maio e julho, foi calculado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) de forma que não prejudique os produtores nacionais.
Antes do anúncio, a alíquota do produto era de 10%. A medida aprovada atendeu as reivindicações do setor têxtil que, durante a entressafra do algodão, nos meses de maio, junho e julho, sofre com a escassez de matéria-prima.
De acordo com o diretor-executivo da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), Lício Pena, mesmo com a anuência da Abrapa, os preços recuaram e os produtores do Estado estão cautelosos em relação à possibilidade de novas quedas nas cotações.
Os preços pagos pelo algodão estão girando em torno de R$ 64 por arroba de pluma, 3% menor que o registrado na semana anterior. Mesmo com o recuo, ainda é suficiente para garantir lucro aos produtores, porém o ideal é que o mesmo ficasse em torno de R$ 70 por arroba de pluma.
"Qualquer estímulo à importação interfere diretamente na cotação interna do produto. O pedido teve como fundamento o receio da indústria têxtil em relação à menor oferta de pluma ao longo deste ano, uma vez que tanto a safra mineira como a brasileira será inferior. Essa possibilidade de recompor os estoques com produto importado causou retração nos preços da pluma brasileira", diz.
Produção - A safra 2012/13 de algodão em pluma em Minas deve sofrer retração de pelo menos 30% em relação ao período anterior. Além da concorrência com a soja, as cotações pouco atrativas na época do plantio, fizeram com que os produtores migrassem para a oleaginosa. Em 2012, no período de plantio, a arroba de pluma era negociada em torno de R$ 55, valor considerado insuficiente para garantir rentabilidade.
Segundo o sétimo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Minas Gerais é esperada produção de 29,2 milhões de toneladas de pluma de algodão, o que representa queda de 30% em relação ao volume registrado na safra passada.
A área destinada ao cultivo do algodão também ficou menor. Ao todo serão 20 mil hectares, retração de 32,4% em relação aos 29,6 mil hectares utilizados anteriormente. Pela previsão da Conab, a produtividade média ficará em torno de 1,4 tonelada por hectare, alta de 3,3%. A tendência é que ao longo da colheita os números sejam revisados para baixo.
De acordo com o superintendente de Agropecuária e Silvicultura da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), e coordenador do Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas), Walter Antonio Adão, a redução na safra mineira deverá ser ampliada ao longo da colheita, uma vez que várias regiões produtoras registraram perdas severas com a variação climática e também pela infestação da lagarta Helicoverpa zea, antes comum em lavouras de milho, que passou a causar danos significativos nos campos de algodão.
Quebras - "Várias regiões estão registrando quebras significativas na cultura, somente com a infestação da lagarta deverá ser registrada perda próxima a 30%. Além disso, em algumas regiões ocorreram chuvas abundantes e em outras, como no Norte do Estado, seca severa, girando perdas em torno de 70% a 80% da produção", observa Adão.
Além do comprometimento da qualidade e do desenvolvimento dos algodoeiros, uma vez que a lagarta ataca a maçã e as folhas da cultura, os custos de produção também foram ampliados, já que para combater a infestação foi necessário ampliar o número de dedetizações nas áreas cultivadas.
Recuo também na agroindústria
Com relação à agroindústria, o ano iniciou com recuo de 0,35%, puxado principalmente pela retração de atividades de processamento vegetal. Neste caso, o açúcar foi o que mais puxou os resultados para baixo, com queda nos preços reais de 10,97% na comparação entre janeiro de 2013 e o mesmo mês de 2012.
De acordo com os pesquisadores do Cepea, os fundamentos de mercado não deixam dúvida quanto à tendência baixista dos preços do açúcar para este ano, já que não se questionam mais se os preços devem cair e sim qual será o tamanho da queda.
Para os insumos, o maior aumento de faturamento é originado do grupo de alimentos para animais, que cresceu 14,76% em janeiro. O aumento nos preços reais de 13,92% ao ano decorreu, sobretudo, do avanço das cotações de milho e soja, que mesmo desacelerando nos últimos meses, ainda se mantêm em elevado patamar.
A cadeia da pecuária, por sua vez, seguiu a trajetória de crescimento do ano anterior e sinalizou aumento de 0,21%, com expansão em todos os segmentos. Os dados de volume ainda não estão disponíveis para bovinos, frango, suínos e ovos. Com isso, o desempenho dessas atividades no primeiro mês do ano reflete apenas o comportamento dos preços. No período, houve queda das cotações, o bovino macho teve retração de 8,25% e as fêmeas de 9,34%. Já com elevação de preços, frango, ovos e suínos expandiram 48,51%, 61,38% e 15,66%, respectivamente.
Veículo: Diário do Comércio - MG