Porto Alegre, ao lado de Belém, foram as únicas capitais brasileiras onde houve queda no preço dos oito produtos que integram a cesta básica, após o anúncio da desoneração de impostos feito pela presidente Dilma Rousseff em 8 de março. Ainda assim, em março, a cesta em Porto Alegre registrou alta pelo quarto mês seguido. Passou de R$ 318,16, no mês anterior, para R$ 321,95 (+ 1,35%). Os dados divulgados no último boletim do Dieese serviram de base para uma constatação: gerou-se uma expectativa muito grande do mercado acerca da redução dos preços.
Esse foi um dos temas debatidos nesta quinta-feira, na Capital, durante o Fórum Estadual de Defesa do Consumidor, que teve como tema “Redução dos impostos da cesta básica - Quando chegará ao consumidor e que produtos terão seus preços reduzidos?”. A expectativa era de redução de até 9,25% no preço das carnes, do café, da manteiga e do óleo de cozinha e de até 12,25% no da pasta de dentes e sabonetes.
Para a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, um problema de comunicação no anúncio da desoneração gerou uma perspectiva excessiva na população. “Dos 16 itens da cesta, oito, entre eles arroz, feijão e batata, já eram desonerados. Foi gerada uma expectativa que não pode ser alcançada”, explica. Por outro lado, Patrícia salienta o fato de a carga tributária não ser a única causa da elevação dos preços. E cita o exemplo da alta de 21,43% no preço da cebola - um item já desonerado - registrado em março. Também pondera que, para ser conhecido o impacto no preço total da cesta, é necessária a análise dos itens de forma individual.
De acordo com o diretor do Procon estadual, Cristiano Aquino, até o momento, a medida não teve efeito significativo no Rio Grande do Sul. A conclusão leva em conta consultas a diversos procons municipais. A instituição está atenta à questão e, inclusive, estuda implementar pesquisas periódicas nos estabelecimentos para verificar a evolução do valor da cesta em âmbito estadual. “Quando foi feito o anúncio da desoneração, o objetivo era que beneficiasse o consumidor final”, lembra.
O vice-presidente do Fórum, Alexandre Appel, percebe a preocupação da comunidade quanto à temática. “O consumidor está angustiado, ninguém aguenta mais. Há uma pressão nos órgãos de defesa do consumidor”, acrescenta. Já o gerente executivo da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Francisco Schmidt, cita a informação do Dieese para argumentar que os clientes começam a ser beneficiados com a desoneração. “Nas demais cidades (exceto Porto Alegre e Belém), não se sentiu tanto a redução”, frisa. E, segundo ele, a tendência são os preços se tornarem mais atrativos, pois alguns supermercados ainda têm produtos adquiridos antes da desoneração em estoque. Na medida em que forem comercializados e ocorrer a reposição com itens desonerados, a redução será repassada aos clientes. Schmidt aproveitou o Fórum para defender ações semelhantes em nível estadual, como a desoneração do ICMS para os itens da cesta. A Agas informou que pretende procurar o governo para tratar do assunto. “Teria um impacto maior do que a desoneração dos impostos federais”, projeta o gerente executivo.
A presidente do Movimento das Donas de Casa do Rio Grande do Sul, Edy Mussoi, não sentiu benefício com a desoneração dos impostos federais. “Pelo contrário, mudou para pior. Alguns produtos até aumentaram de preço, principalmente, a carne”, afirma. Em busca do melhor preço, cita duas estratégias: pesquisar em diferentes estabelecimentos e procurar ofertas.
Veículo: Jornal do Comércio - RS