Após passar algum tempo no mercado procurando um investidor estratégico para acelerar expansão, a rede de marcas femininas dos empresários Roberto Jatahy e Marcello Bastos, capitaneadas pelas grifes Animale e Farm, está em negociações avançadas para vender parte de seu capital para a gestora de recursos Tarpon, apurou o Valor.
A empresa, que conta com cinco marcas já na praça e outras em incubação, é avaliada em R$ 1 bilhão, de acordo com informações de mercado. Procuradas pela reportagem, Tarpon e Farm/Animale informaram que não comentam rumores de mercado.
Não é de hoje que Jatahy, que dirige a empresa de marcas femininas, procura sócios. Já houve especulações no mercado de que os empresários mantiveram conversas com o banco BTG Pactual. E a holding de marcas Inbrands, cujo controle é dividido entre a Vinci Partners e os criadores da Ellus, no passado, também chegou a analisar as grifes cariocas.
Essas negociações que envolvem investidores estratégicos costumam ser longas e esbarram em questões como preço - normalmente os gestores querem descontos para investir nas empresas -; e, por vezes, no grau de informalidade presente nas companhias que receberão o investimento.
A rede de marcas carioca quer parceiros para ampliar seu projeto de expansão via abertura de lojas próprias. Além da Animale e da Farm, que juntas têm mais de 110 lojas no país, o grupo ainda possui a infantil Fábula, a grife sofisticada A-Brand, e a novata voltada para o público jovem Fyi - todas criadas a partir de linhas da Animale e da Farm, que apresentaram boas vendas e acabaram virando grifes.
O objetivo de Jatahy e Bastos é que cada uma delas chegue a ter cerca de 100 lojas. Dentro da empresa ainda estão incubadas uma grife de joias e outra de aromas para o lar. Em 2011, o grupo faturou em torno de R$ 360 milhões e, em 2012, apresentou Ebtida de R$ 125 milhões, segundo fontes.
A Tarpon tem forte tradição no varejo de moda. O mais recente investimento no segmento foi feito há um ano, com a aquisição de 60% da grife Morena Rosa, do Paraná. Pela fatia, a gestora de recursos pagou R$ 240 milhões.
A Tarpon também é bastante reconhecida no mercado pela sua participação no desenvolvimento e consolidação da operação de varejo da Hering. Um outro caso de sucesso entre a equipe da gestora no varejo é a Arezzo, do segmento de calçados. Desde que a empresa estreou na bolsa, em 2011, a alta acumulada pelos papéis é de 117,19% (ver página B4).
Atualmente, a Tarpon possui ainda uma fatia relevante em outra empresa de capital aberto, a Lojas Marisa. Porém, na última assembleia da empresa, deixou de ter um executivo de seus quadros no conselho da companhia, apesar de ter indicado um novo nome para o órgão.
O papel da Tarpon nesses negócios é cuidar de aspectos da gestão financeira e de governança. A gestora tem o perfil de trabalhar em conjunto com os fundadores do negócio e costuma procurar "empresas de dono", como se diz no jargão financeiro.
Os negócios no setor de varejo de moda têm se destacado no mercado e já há alguns anos os investidores estratégicos têm buscado oportunidades.
A Farm/Animale, de Jatahy e Bastos, também possui um braço virtual que vende a linha da Farm. A loja on-line tem superado as expectativas dos sócios desde que foi lançada em abril de 2011. Em apenas 45 dias de operação, se tornou líder de venda da marca feminina e superou a receita de R$ 830 mil da loja de Ipanema, que até então registrava o melhor desempenho. O plano de negócios encomendado a uma consultoria previa que o e-Farm fosse apenas o sétimo melhor faturamento da rede nos primeiros meses de funcionamento. A expectativa de Bastos, sócio-fundador da marca, é que as vendas no e-commerce ultrapassem 15% da receita da marca, em 2013, de R$ 250 milhões.
Veículo: Valor Econômico