Desemprego fica estável e elevação da renda desacelera

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O mercado de trabalho apresentou estabilidade na passagem de fevereiro para março, enquanto o rendimento médio real voltou a crescer a taxas menores, indicando uma pressão menos intensa desse custo para as empresas. A Pesquisa Mensal do Emprego (PME), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que a taxa de desocupação passou de 5,6% em fevereiro para 5,7% em março - em igual mês de 2012, a taxa era de 6,2% -, período em que o rendimento dos ocupados ficou estável, em R$ 1.855,40. Em relação a março de 2012, o rendimento subiu 0,6%.

Desde dezembro, o rendimento vem desacelerando. Na comparação com igual mês do ano anterior, dezembro havia registrado 3,2% de crescimento no rendimento real. No mesmo tipo de comparação, em janeiro e fevereiro o indicador subiu 2,4%. O crescimento do rendimento também é inferior ao de março de 2012, quando cresceu 5,6% ante março de 2011.

A diminuição no ritmo de expansão da renda mostra que os salários estão sendo afetados pelo aumento da inflação, reajuste menor do salário mínimo e aumento real menor na negociação do reajuste anual pelos trabalhadores, avalia o economista da LCA Consultores Fabio Romão. Em sua avaliação, o crescimento da renda e da população ocupada menor em março mostram que a retenção de mão de obra por parte das empresas no fim de 2012 estabilizou o mercado de trabalho no primeiro trimestre de 2013. A população ocupada caiu 0,2% na comparação com fevereiro, para 22,9 milhões de pessoas, patamar 1,2% acima do verificado em março de 2012.

"O nível de contratações no primeiro trimestre pode ter sido afetado pela retenção de mão de obra verificada ano passado. Como as empresas seguraram as demissões pela perspectiva de retomada da economia, agora contrataram menos", afirma ele.

O coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, disse que o aumento na taxa de desemprego entre fevereiro e março não é significativo e deve-se, principalmente, à dispensa de trabalhadores temporários contratados no fim de 2012. O processo de dispensa, diz ele, costuma se encerrar ao fim do primeiro trimestre.

A população economicamente ativa (PEA) caiu 0,1% em março ante fevereiro, para 24,2 milhões. Em relação a março de 2012, esse contingente cresceu 0,6%. Nos dados dessazonalizados, o nível de emprego no primeiro trimestre do ano em relação ao quarto trimestre de 2012 caiu 0,3%. A PEA também recuou 0,3%.

Para a Tendências Consultoria, a queda da PEA equilibrou o recuo do emprego e manteve o mercado de trabalho estável no primeiro trimestre do ano. Rafael Bacciotti, economista da consultoria, diz que o emprego vem caindo no país, mas está sendo compensado pelo menor número de pessoas procurando trabalho, o que fez o nível de ocupação "andar de lado" no início de 2013. Segundo ele, ao comparar os dados da PME de março com as informações das duas edições anteriores da pesquisa, é verificada uma tendência de estabilidade do emprego em função da leve retração da PEA.

O arrefecimento do mercado de trabalho não se intensificará nos próximos meses, afirma o economista do Itaú Unibanco Aurélio Bicalho, em relatório.

"Mantemos a avaliação de que as condições no mercado de trabalho continuam favoráveis. Acreditamos que com a expansão moderada da economia ao longo deste ano, o arrefecimento observado em alguns indicadores, como de emprego formal, não tende a se intensificar", afirma o economista.

A Tendências prevê uma taxa média de desemprego um pouco mais baixa do que os 5,5% registrados em 2012. Trabalhando com um cenário de recuperação da economia, mas ainda em ritmo moderado, a estimativa é que a taxa de desemprego em 2013 fique em 5,2%.

"O emprego responde com certa defasagem à atividade. Ele andou de lado neste primeiro trimestre em função do ritmo da economia no fim de 2012. Com eventual melhora da atividade, como prevemos, o quadro deve melhorar um pouco", afirma o economista da Tendências.



Veículo: Valor Econômico


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