A negociação envolvendo a Aracruz e instituições financeiras a respeito do pagamento das perdas de US$ 2,1 bilhões que a fabricante de celulose acumulou com operações de derivativos deverá ser concluída em um prazo de 30 dias. A previsão é do executivo de uma das empresas que foram contraparte nas operações e que mantêm conversações com a Aracruz. "As coisas estão caminhando bem. Estou otimista sobre o desfecho das negociações", afirmou o executivo, que preferiu não ter o nome revelado.
A expectativa sobre o acordo tem sido apontada por analistas do setor como a razão para a recente valorização das ações da companhia, que registram alta superior de 15% desde o início de dezembro - no caso dos papéis preferenciais. Inicialmente, a Aracruz havia apontado o dia 30 de novembro como o prazo para a conclusão das negociações iniciadas no final de outubro. Mas o impasse entre as partes obrigou a fabricante de celulose a anunciar uma nova data-limite, no dia 11 de dezembro. O acordo novamente não foi alcançado e, no dia 12 de dezembro, a Aracruz divulgou comunicado no qual não informava uma nova data.
Complexidade. A inexistência de um prazo reflete a complexidade das negociações, que envolvem mais de 30 pessoas - entre bancos, escritórios de advocacia e a Estáter, empresa que representa a Aracruz nas conversações - e serão interrompidas no feriado de final de ano. "A prioridade é manter a companhia viável", afirma a fonte. "A Aracruz é referência mundial em seu setor. Mesmo com esse incidente, ela irá rolar sua dívida e ficará bem", avalia o executivo.
O resultado dos encontros entre Aracruz e instituições financeiras, lista que inclui BNP Paribas, Citi, Goldman Sachs, ING, JP Morgan, Merrill Lynch e Santander, deverá ser a formulação de propostas com condições de pagamentos diferenciadas. As alternativas devem incluir prazos para o pagamento da dívida que vão de cinco a 15 anos. A partir desses prazos serão definidos os juros cobrados em cada formato proposto.
As perdas de US$ 2,1 bilhões assumidas pela Aracruz no mês passado já estão calculadas em reais, por isso a variação cambial não representa mais um fator de pressão nas negociações. O câmbio acertado para conversão foi de R$ 2,13 - a dívida, em reais, ficou em aproximadamente R$ 4,5 bilhões, duas vezes maior do que o valor anunciado anteriormente, com base nas condições do final de setembro, que era de R$ 1,95 bilhão.
Essa diferença é explicada pela oscilação do câmbio nas últimas semanas e pelo formato dos acordos de derivativos assinados pela companhia - que previam perda equivalente a duas vezes a variação cambial em caso de valorização do dólar.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ