CMN adia mais uma vez definição sobre preço do café

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Primeira fase das discussões teve início na última segunda. Produtores temem que indefinição crie instabilidade no mercado internacional

Duas reuniões seguidas não foram suficientes para o Conselho Monetário Nacional (CMN) definir o novo preço mínimo do café, que serve de referência para os preços no mercado. Atualmente a saca de 60 quilos do arábica está em R$ 261,69, mas o setor pleiteia a elevação para R$ 336,01. A primeira fase das discussões teve início na segunda feira à tarde e invadiu a noite. Sem consenso, a votação foi transferida para o dia seguinte, quando, ao fim da reunião, o preço mínimo não foi citado.

“Esta indefinição quanto ao preço do café cria muita instabilidade no mercado internacional. O Brasil é uma referência importante no setor”, comenta o presidente da Comissão de Café da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Breno Mesquita, que também é presidente da Comissão de Café da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (FAEMG). Ele critica o jeito como o governo vem tratando a crise que afeta a cafeicultura brasileira, cujos preços caíram fortemente nos últimos meses.

“O governo precisa dar argumentos técnicos para não elevar o preço mínimo”, diz o empresário, ao lembrar que a política de preço mínimo tem como base o custo de produção do setor. “Existe um custo de produção oficial, feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), calculado em R$ R$ 336,01. Este deveria ser o preço mínimo”, diz.

O aumento do preço de referência vem sendo reivindicado pelos cafeicultores desde o final do ano passado, quando os preços no mercado caíram de uma média de R$ 500 para algo em torno de R$ 270.

Mas o governo reluta em promover a elevação, temendo, primeiro, um possível impacto na inflação, com a indústria repassando a alta para o consumidor. E, segundo, que outros setores agrícolas que também possuem política calibrada pelo preço mínimo — como soja e milho — possam bater à porta do CMN reivindicando o mesmo tratamento. “O mercado já vem praticando este preço. Por isso, não haveria razão para elevar o preço no varejo, pelo menos de imediato”, diz o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), Nathan Herszkowicz. Ele lembra ainda que estoques elevados aliados a uma previsão de safra boa também impedem a elevação de preços para o consumidor. “Para o médio ou longo prazo, não podemos fazer projeções, pois tudo depende de outros fatores que podem alterar a safra, como clima”, avaliou.

Pela política de preço mínimo, o governo garante a maior parte do valor estabelecido para o produto, impedindo, assim, que o agricultor, pressionado pelo mercado comprador, seja obrigado a vender por um preço abaixo do custo de produção.

As quedas nos preços do café já afetaram a sua balança comercial. Nos primeiros três meses do ano as vendas caíram, em dólar, 18,83% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Em volume, no entanto, houve acréscimo de 9,76%. Segundo a Confederação Nacional do Café (CNcafé), o dado comprova o quanto a crise afeta a economia brasileira.



Veículo: Brasil Econômico


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