Com a inflação em alta, associações de lojistas projetam crescimento de vendas entre 5% e 6%, o menor aumento registrado nos últimos 4 anos
Inflação em alta e a perda de fôlego do comércio varejista devem tirar neste ano o brilho das vendas por ocasião do Dia das Mães, a segunda melhor data para comércio depois do Natal.
A Confederação Nacional do Comércio (CNC) projeta que as vendas deste ano devem somar R$ 2,29 bilhões e crescer 5,8% sobre 2012, a menor taxa em quatro anos. Em 2009, sob os efeitos da crise financeira internacional, as vendas do Dia das Mães aumentaram 3% sobre o ano anterior. Já em 2010, 2011 e 2012, as variações tinham sido bem maiores, de 10,3%, 6,3% e 8,1%, respectivamente.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) espera crescimento de 5% no volume de vendas e a Associação de Lojistas de Shoppings (Alshop) projeta alta de 6% na comparação com a mesma data de 2012.
A Alshop reconhece que a propensão ao consumo está menor neste ano, mas acredita que a expansão do crédito e o aumento da renda devem sustentar essa taxa de expansão de vendas.
Fabio Bentes, economista da CNC, aponta dois fatores responsáveis pelo desempenho mais fraco projetado para este ano. O primeiro deles é a própria desaceleração nas vendas no varejo registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em fevereiro, o volume de vendas do comércio varejista caiu 0,4% em relação ao mesmo mês de 2012. "Foi a primeira vez em dez anos que houve retração no comércio na comparação anual", ressalta o economista.
Inflação. O segundo fator que afeta as vendas, diz o economista da CNC, é o aumento da inflação, puxada principalmente pela elevação dos preços dos alimentos. A inflação em alta tira a renda disponível para consumo de outros itens. "A inflação já atrapalhou o consumo no ano", enfatiza Bentes.
Ele observa que a inflação de produtos extraída dos dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) mostra que, em 12 meses até fevereiro, houve alta acumulada de 4,1%. De acordo com o economista, essa elevação de preços resultou da pressão de custos de produção de bens duráveis combinada com a volta gradual do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para geladeiras, fogões e lavadoras, sem falar da elevação dos preços dos alimentos. As despesas com comida subiram 7,7% em 12 meses até fevereiro, segundo dados da PMC. "Os bens duráveis estão pagando a conta da alta dos alimentos", diz.
O enfraquecimento das vendas é visível nos anúncios das grandes redes varejistas. Nesta semana, por exemplo, o que se viu foram pesadas promoções no segmento de linha branca. Grandes redes varejistas estão propondo uma venda casada - isto é, na compra de uma geladeira, por exemplo, o consumidor pode levar um forno de micro-ondas de brinde, desde que desembolse mais R$ 50.
Estrelas. Entre as estrelas do consumo no Dia das Mães, a CNC destaca os eletroportáteis, cujas vendas devem crescer 9,9% ante 2012. Segundo a Confederação, esse segmento deve ter a maior alta de vendas porque os preços desses itens em 12 meses até fevereiro subiram apenas 2,9%. Já os artigos de vestuário são a grande aposta dos shoppings.
Veículo: O Estado de S.Paulo