O aumento que o Conselho Monetário Nacional (CMN) determinou para preço mínimo do café arábica, de R$ 261,69 para R$ 307 para a saca de 60 quilogramas, foi recebido com pouco entusiasmo pelos produtores. O vice-presidente da Cooxupé, maior cooperativa de café do mundo, Carlos Augusto Rodrigues, afirmou ao DCI que houve "uma certa tristeza com o valor", mas que ao menos o assunto está resolvido. Os produtores reivindicavam um aumento para R$ 340.
"Nossa decepção é que a própria Conab havia fixado o preço de R$ 336,13 na região de Mogiana e, para nossa surpresa, com muita dificuldade, saiu por R$ 307", afirmou Rodrigues.
O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), deputado Silas Brasileiro, observou que, em algumas regiões, o produtor não conseguirá ser remunerado.
O novo preço entrará em vigência na próxima safra, que já começa a ser colhida e deve entrar no mercado consumidor em agosto. Apesar do reajuste de 17,3% ter ficado aquém das expectativas, Rodrigues pontua que já há espaço para que o produtor da região tenha capital de giro para a próxima safra.
O vice-presidente da Cooxupé disse ainda que a demora na definição do novo preço "gera no mercado uma certa instabilidade e até certo descrédito por conta dos nossos clientes do exterior". A divulgação do reajuste estava programada para ocorrer no último dia 29 de abril, mas foi prorrogada.
Medidas auxiliares
Após o estabelecimento do novo preço, agora os cafeicultores esperam que o governo negocie novos pleitos para segurar a crise que o setor vem atravessando.
No primeiro trimestre, o preço médio de comercialização do café ficou 28,97% menor com relação ao mesmo período de 2012. Ao mesmo tempo, os produtores reclamam de aumento de custos, principalmente na colheita, que, segundo o vice-presidente da Cooxupé, representa ao menos 40% de todos os gastos dos cafeicultores. O preço mínimo da saca de café não era reajustado desde 2009.
O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Natan Herszkowicz, concordou que o preço estava defasado. "A fixação, independente de estar boa ou não, é uma demonstração clara do governo de que ele está preocupado e apoiando o agronegócio", defendeu.
Segundo o diretor da Abic, a medida não deve prejudicar o consumidor no curto prazo, já que o produtor aproveitará o reajuste para garantir rentabilidade. Já no segundo semestre, Herszkowicz acredita que o consumidor deve perceber uma elevação dos preços em decorrência de reajustes de insumos, embalagens, energia e mão de obra, que, segundo ele, são "pequenas correções que não têm relação com o preço mínimo" do café.
Do lado dos produtores, há ainda a expectativa de que o governo realize leilões do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), que subsidia a diferença do preço mínimo e do negociado no mercado e garante ao produtor uma margem na comercialização. "Acho interessante um Pepro, não em patamares muito elevados, mas que corrijam essa distorção de preço de referência para o que foi aprovado", sinalizou o vice-presidente da Cooxupé.
Rodrigues defendeu ainda que a União participe com recursos no mercado de opções para ordenar a venda da safra. "Sem esses recursos, o produtor tem que ofertar o café, e os preços tendem a cair", explica.
Veículo: DCI