A seca e a inflação, especialmente dos alimentos, tiraram ímpeto da economia do Nordeste. Os indicadores econômicos da região têm se comportado na contramão da retomada da atividade no começo de ano. Houve aumento do desemprego e da inadimplência, queda na produção industrial e estagnação no varejo. A inflação, que atingiu 6,59% na média nacional em março, nas principais capitais nordestinas já ultrapassa os 7%.
A pior seca dos últimos 50 anos é apontada como a principal responsável pelo "soluço" no crescimento da região, que há pelo menos cinco anos registra avanço no PIB maior do que a média nacional em grande parte de seus nove Estados.
A mudança no ritmo da economia passa principalmente por uma desaceleração do consumo na região, provocada em parte pela seca, em parte pela inflação alta e também pela inadimplência. Segundo a Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), o cadastro de inadimplentes no Nordeste cresceu 0,7% no primeiro trimestre, enquanto em todo o país caiu 3,4%.
"O Nordeste é a região que concentra o maior número de pobres no Brasil. Ela também depende mais do salário mínimo e tem o maior número de beneficiários do Bolsa Família", diz Carlos Magno Lopes, da Datamétrica. "Com uma inflação alta e os preços dos alimentos subindo, o segmento mais afetado é a baixa renda. E isso atinge em cheio o consumidor nordestino".
Veículo: Valor Econômico