Criação de empregos é "tão ou mais importante que PIB", diz Mantega

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Em sua primeira reunião oficial com deputados petistas para falar das perspectivas para 2013, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reiterou o cenário de que a inflação está sob controle e que a economia brasileira segue "trajetória de crescimento gradual" neste ano, mas deixou claro que "tão ou mais importante que o PIB [Produto Interno Bruto] é a geração de empregos formais".

As declarações de Mantega, segundo o líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (CE), foram suficientes para que a bancada se munisse de dados para combater críticas da oposição como a de que o governo da presidente Dilma Rousseff é leniente com a inflação. "O ministro deu sinais evidentes de que a torcida [da oposição por inflação mais alta] vai quebrar a cara".

Segundo Guimarães, o ministro passou a "confiança de que não estamos entrando numa furada" no que diz respeito ao controle da inflação e também à retomada da economia brasileira. Mantega foi convidado por ele para participar da reunião fechada na semana passada.

No encontro, o ministro ressaltou que o Brasil está enfrentando a crise internacional com manutenção do emprego, estímulos à economia e sem deterioração dos fundamentos fiscais e da inflação. Por causa disso, a maioria da população não está sentindo os efeitos da crise internacional.

Ele explicou que o governo tem adotado medidas para aumentar a competitividade da indústria brasileira, como a redução do custo financeiro e tributário das empresas, destacando que o juro alto é "irmão gêmeo" da elevada carga tributária. Mas essas iniciativas demoram para surtir efeito.

Mesmo com a divulgação de um Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) mais salgado em abril, Mantega acredita que a trajetória da inflação é descendente nos próximos meses. O índice veio "um pouco" acima do previsto, mas menor do que os resultados de abril de 2010 e 2011.

O IPCA subiu 0,55% em abril, mais do que o esperado por analistas. No acumulado em 12 meses (6,49%) o indicador oficial de inflação voltou para dentro do intervalo da meta perseguida pelo Banco Central (6,5%), mas por uma margem estreita. Em abril de 2011 e 2010, o IPCA subiu 0,77% e 0,57%, respectivamente.

"A inflação não é generalizada, é concentrada no setor de alimentos e vai cair nos próximos meses. Todo mundo sabe", insistiu, após deixar a audiência. Ele frisou que o recuo dos preços agrícolas no atacado, como o apurado pelo IGP-DI de abril, vai chegar ao varejo, em média, daqui a dois meses.

Mantega disse que o governo está atento à "reindexação", mas lembrou que o índice de difusão, que mede o quanto a inflação está disseminada melhorou em abril, caindo de 69% para 65%. "Estamos tomando medidas para evitar o contágio da inflação". De acordo com o ministro, o "perigo" está na hipótese de alguns setores aumentarem os preços influenciados pela expectativa de que a inflação não cederá.

Para tranquilizar os parlamentares, Mantega destacou que a economia brasileira segue "trajetória de crescimento gradual neste ano". A previsão do governo é de aumento de 3,5% do PIB neste ano. Mas ele optou por apresentar aos deputados petistas a estimativa de crescimento de 3% do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Devemos terminar o ano com um crescimento maior do que o do ano passado. É uma trajetória dificultada pelo cenário internacional", disse, completando que não há perspectivas de melhora para as economias da Europa. Para 2014, conforme o previsto na proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Mantega repetiu que a estimativa de expansão de 4,5%.

Ele explicou que o "o PIB no primeiro trimestre vai ter um desempenho melhor do que o do quarto trimestre do ano passado" e lembrou que o resultado da produção industrial foi de expansão de 0,8% ante o quarto trimestre de 2012. "É bom, podia ser melhor, mas representa um crescimento anualizado de 3%", afirmou. Mantega disse que a agricultura teve um "desempenho muito bom no primeiro trimestre, muito maior do que no ano passado" e há dados que mostram a retomada "forte" dos investimentos.



Veículo: Valor Econômico


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