Procura por crédito aumenta 17,3% em abril e pesquisa registra queda nos cheques sem fundos. Lojistas da capital estão otimistas
Depois de um primeiro bimestre fraco, com as vendas crescendo apenas 2,9%, segundo o último balanço do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dois indicadores divulgados ontem injetam esperança de dias melhores no varejo nacional. Um dos estudos, elaborado pela Serasa Experian, apurou que a procura por crédito saltou 17,3% no confronto entre abril e igual mês de 2012. É o maior aumento, nesse tipo de comparação, desde julho de 2011. Uma outra pesquisa, organizada pela Boa Vista, a maior administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), constatou que o número de cheques devolvidos em abril caiu 3,1% em relação a março.
Esse último percentual ganha maior dimensão quando levado em conta que houve aumento de 9,6% no total de cheques emitidos. Os indicadores da Serasa e da Boa Vista, embora nacionais, também animam os lojistas da capital. Tanto que, ainda ontem, uma sondagem divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) apurou que 92% dos lojistas acreditam que suas vendas, nos próximos seis meses e incluindo maio, serão melhores do que as do mesmo intervalo de 2012.
Na prática, os comerciantes da capital depositam boas fichas em duas datas apelativas ao consumo: o Dia das Mães, ocorrida no último domingo, e o Dia dos Namorados, celebrada em 12 de junho. Os comerciantes torcem para que o faturamento, principalmente nesses dois meses, converta as fracas vendas registradas em abril. No mês passado, segundo a pesquisa da Fecomércio, 39% dos lojistas apuraram queda em relação a março. É bom frisar que esse resultado surpreendeu boa parte dos comerciantes. Para ter ideia, 70% dos empresários da capital acreditavam que o faturamento em abril seria melhor do que o de março. Porém, a previsão só se confirmou para 35% deles.
Daí a torcida para que maio e junho mudem os rumos do varejo em Belo Horizonte. Tanto os economistas da Fecomércio-MG quanto os da Serasa atribuem boa parte dos resultados de suas respectivas pesquisas à redução da inadimplência e à baixa taxa de desemprego. Essa última justificativa, aliás, está sempre na ponta da língua dos economistas brasileiros quando o assunto é favorável às vendas do comércio. Para melhor esclarecimento, a taxa de desocupação na Grande BH caiu de 5,1%, em março de 2012, para 4,6% em março de 2013. No Brasil, a redução foi de 6,2% para 5,7%.
MENOS BORRACHUDOS Já a justificativa sobre a queda na inadimplência é reforçada pelo estudo divulgado pela Boa Vista. A empresa apurou que o número de cheques de pessoas físicas devolvidos no primeiro quadrimestre do ano foi 7,9% inferior ao total apurado no mesmo intervalo de 2012. Também houve queda, em igual período, no indicador de cheques devolvidos de pessoas jurídicas: 4,1%.
“Os novos consumidores incorporados ao mercado, o crédito crescente, o mercado de trabalho aberto às oportunidades e a confiança nas pessoas garantirão o pilar para bons resultados de vendas no futuro. A agenda de negócios do comércio continua bastante movimentada, fortalecida pelas datas comemorativas do primeiro semestre, que alavancam as vendas pela emoção. O cenário está positivo para o varejo, tendo em vista a demanda confiante, as medidas de estímulo, como a redução de juros”, disse o economista que coordenou o levantamento da entidade mineira, Gabriel de Andrade Ivo.
O economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, acrescenta que o percentual de 17,3% na busca por crédito mostra que “o consumidor está pondo a casa em ordem”. “Ele está retornando ao mercado de crédito, após ter passado mau bocado com a inadimplência. Pode ser um sinal promissor para a economia, a médio prazo, ou seja, uma tendência de que o consumidor está voltando ao mercado de crédito”, analisou Rabi.
É bom frisar que tanto a redução da inadimplência quanto a do nível de desemprego são reflexos do aumento da massa salarial no país. Em Belo Horizonte, o rendimento médio da população ocupada, segundo o IBGE, foi estimado em R$ 1.802,90. O valor se refere a março, o último mês pesquisado, e mostra um aumento de 0,8% no acumulado do ano.
Veículo: Estado de Minas