Faltam pouco mais de 20 dias para o Dia dos Namorados e, daqui a algumas semanas, o comércio irá intensificar a exposição de vitrines com opções de presentes. Quem não parece muito animado é o consumidor. Apesar da expectativa de que a data movimente R$ 75 milhões na região, o montante não aponta crescimento em relação ao mesmo período em 2012 quando descontada a inflação de 6,59% - (na ocasião foram injetados R$ 70 milhões). É o que aponta a PIC (Pesquisa da Intenção de Compra) do Dia dos Namorados, realizada pelo Observatório Econômico da Faculdade de Administração e Economia da Universidade Metodista de São Paulo.
O preço médio que os consumidores estão dispostos a pagar por presente é de R$ 207. Isso significa aumento real de apenas 2,2% em relação a 2012 (considerando inflação acumulada nos últimos 12 meses de 6,59%), quando a disposição média de desembolso por presente era de R$ 190.
Já o total de gastos programados pelos entrevistados é de R$ 214. Comparando aos R$ 202 programados para o Dia dos Namorados do ano passado, a quantia ficou praticamente estável, descontando a inflação.
O curioso é que os casados pretendem comprar itens mais caros, com a intenção de despender R$ 254, em média. "O gasto maior garante fluxo comercial melhor", explica o coordenador do estudo, o professor de Economia Sandro Maskio.
Ainda de acordo com o estudo, as mercadorias preferidas pelos entrevistados para presentear foram vestuário (48,7%), perfumes e cosméticos (20,5%), flores (6%), jantares (4,3%) e jóias e bijuterias (3,8%). No entanto, 20% dos participantes da enquete disseram que ainda não têm definido o que vão comprar. No ano passado, os indecisos somavam apenas 9% do total.
O Dia dos Namorados é a terceira melhor data para o comércio, ficando atrás do Natal e do Dia das Mães.
PAGAMENTO - Nada de pagar depois. Neste ano, a maioria dos moradores das sete cidades vai pagar o presente para a data em dinheiro - que correspondem a 42,3%. Em seguida está o cartão de débito (30,5%), que não deixa de ser à vista. Já a opção de financiamento por meio do cartão de crédito diminuiu mais de 15 pontos percentuais em relação à pesquisa realizada para o Dia dos Namorados de 2012, registrando menor disposição ou capacidade das famílias de realizar novas dívidas. No ano passado, a opção favorita de pagamento era o cartão de crédito, com 38% da preferência.
"Assim como observamos na pesquisa realizada em maio, mais de 70% dos consumidores revelaram preferir realizar o pagamento à vista, apontando redução significativa daqueles que pretendem financiar as compras. Esta tendência vem sendo observada desde a pesquisa realizada para o Dia das Crianças de 2012, revelando o efeito do nível de endividamento das famílias sobre as decisões de consumo", explica Maskio.
"O consumidor brasileiro passou um longo período sem acesso ao crédito. Esse mecanismo tomou força após o plano real, na década de 1990. De lá para cá, as pessoas suprem essa demanda reprimida. O problema é que não somos bons gestores a ponto de não acumularmos dívidas. Os consumidores aprendem na dor, quando estão no vermelho", destaca o professor.
Salários maiores garantem presentes mais caros, reforça pesquisa regional
A PIC (Pesquisa da Intenção de Compra) do Dia dos Namorados, da Universidade Metodista de São Paulo, aponta que há relação direta entre a renda familiar e a disposição do indivíduo em gastar com presentes na data. Quando os rendimentos são maiores, o preço que o consumidor está disposto a pagar também é mais alto. Pessoas com renda entre um e dois salários-mínimos revelaram querer gastar R$ 108 por item; aqueles com salário superior a 20 salários-mínimos pretendem pagar pelo presente R$ 1.005, quase dez vezes mais.
Com relação ao nível de renda, 70% dos entrevistados revelaram ter rendimento familiar de até cinco salários-mínimos (R$ 3.390), sendo a maior concentração entre três e cinco salários (entre R$ 2.034 e R$ 3.390).
DETALHES - A amostra de 908 entrevistados é composta de 54% de mulheres e 46% de homens, com idade média de pouco mais de 29 anos. Do total de entrevistados, 55% estão solteiros e 35% casados. Outros 2,8% são divorciados e 1,3% viúvos. O estado civil dos indivíduos revelou ter forte influência sobre a disposição em gastar.
Clientes optam por comprar na cidade em que moram
Com a proximidade do Dia dos Namorados, consumidores do Grande ABC tendem a realizar as compras no mesmo município em que residem, sendo que Santo André (25,5%), São Bernardo (24,3%) e Diadema (20,4%) são as cidades preferidas, conforme aponta a PIC (Pesquisa da Intenção de Compra) do Dia dos Namorados, da Universidade Metodista.
O tipo de estabelecimento mais procurado são os shoppings (45,6%), em grande parte pela proximidade do empreendimento da residência ou do trabalho.
Além disso, na hora de escolher o presente há três fatores que definem o item que será levado: o desejo daqueles que serão presenteados (46,7% responderam "muito importante", a qualidade do produto (52,6%), seguido do preço (37,3%). "Esta sensibilidade do consumidor ao preço, um pouco mais intensa que nas pesquisas anteriores, em parte é explicada pelo aumento da preferência por pagamentos à vista. Esta informação pode transformar-se em uma ação estratégica diferenciada para aqueles que conseguirem praticar preços competitivos", diz o coordenador da PIC, Sandro Maskio.
Veículo: Diário do Grande ABC