Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/Pa), nos últimos 12 meses, mostrou que a farinha teve reajuste recorde de 139,68%. Para comparação, a inflação do mesmo período ficou em 7,16%. A pesquisa apontou mais uma vez que o produto foi responsável pela alta na cesta básica do paraense, que teve um reajuste de 5,25%.
O órgão informou que o aumento no preço da farinha de mandioca em Belém e em todo o Estado do Pará vem oscilando ao longo do tempo, apresentando variação nos últimos doze meses (entre maio de 2012 a abril de 2013). De acordo com o estudo, no mês de abril de 2012, o quilo da farinha era comercializado, em média, na Grande Belém, a R$ 3,15. No final do ano (dezembro/2012), o quilo estava sendo vendido a R$ 5,56. Em janeiro de 2013, o acréscimo já era considerado significativo, sendo comercializado a R$ 6,06, e, em fevereiro, o preço chegou a R$ 6,83. No mês de março, o quilo estava a R$ 7,41 e, em abril, a R$ 7,55. A pesquisa foi realizada em grandes supermercados e feiras da capital paraense.
De acordo com a pesquisa, o reajuste entre abril e a março de 2013 foi de 1,89%. Ao analisar os quatros primeiros meses (janeiro a abril), a variação apresentada é de 35,79% contra a inflação desse período, 2,66%, segundo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) realizado pelo IBGE.
A explicação para números tão elevados no preço do quilo da farinha se deve a questões vinculadas a produção, sazonalidade e comercialização, segundo o departamento. Como a farinha produzida no Pará é feita, em sua grande maioria, de forma artesanal e familiar, o produtor não participa de todo o processo da cadeia produtiva do produto. Até chegar ao consumidor, o preço da farinha sofre especulações resultando em aumentos exorbitantes, também por causa de atravessadores.
O promotor de justiça José Maria Farias, de 60 anos, encontrou uma maneira mais barata de ter o produto na mesa. “Eu compro direito com quem produz. Como vou à cidade de São Miguel do Guamá, compro 15 Kg a R$ 80,00”, afirma. Aos que não têm essa opção, a alternativa é remediar. “Se tiver outro aumento, o jeito é diminuir na quantidade. Se eu comprava três litros na feira, vou ter que comprar dois”, calcula a dona de casa Marlene Couto, 70 anos.
Agora, se o paraense que mora no estado já está sofrendo com o preço ditatorial da farinha, imagine quem mora fora. O filho de Rosana Cunha, 49 anos, merendeira, mora na Bahia. “Meu filho sempre me pede pra mandar farinha, ele mora na Bahia deste outubro do ano passado, mas na última vez foram somente três litros de farinha, que custou R$ 18,00” diz.
A previsão do Dieese para o preço da farinha não é das melhores. Em um pré-estudo realizado no mês de maio até quarta-feira (23), foram encontrados em vários locais da capital paraense o quilo sendo comercializado a R$ 8,50. O Pará é considerado o maior produtor no país. No entanto, conforme o órgão, o preço hoje é um dos maiores praticados desde a pesquisa da cesta básica realizada no início da década de 80.
Veículo: Diário do Pará