Quilo do pãozinho francês custa de R$ 5,99 a R$ 12,90 em pesquisa feita em padarias das cinco regiões da cidade
Na inflação medida pelo IPCA, produto ficou 4,7 % mais caro desde janeiro; alta no preço do trigo é uma das causas
A massa é basicamente a mesma: farinha, água e sal.
O modo de preparo é o básico e o produto é vendido sem embalagens ou refinamentos que pudessem justificar sobretaxa "premium".
Mas o preço do quilo do pão francês na cidade de São Paulo varia mais de 115% dependendo da padaria escolhida pelo freguês. Se comprar no Alto da Lapa (zona oeste), gastará o dobro do que no Jardim Amália (zona sul).
Nos dois bairros foram encontrados os extremos mínimo e máximo de uma pesquisa realizada pelo "Agora", por telefone, com 40 padarias das cinco regiões da cidade.
A loja que oferece o pão mais barato, do Jardim Amália, vende o produto por R$ 5,99 o quilo. Já a padaria do Alto da Lapa, onde foi encontrado o pãozinho mais caro, cobra R$ 12,90 o quilo.
Embora o menor preço tenha sido encontrado na zona sul, é a zona leste que apresenta, na média, o preço mais em conta: R$ 8,70 o quilo.
Já o centro da capital paulista tem o pãozinho mais caro, com média de R$ 10,82 por quilo. Na região central, a variação também é a menor da cidade: 32% entre o quilo mais barato (R$ 9) e o mais caro (R$ 11,90).
Na zona sul, o preço médio do pãozinho é 50% maior que o da padaria mais barateira. Na média, as padarias cobram R$ 9,09. É nessa região da cidade que está a maior diversidade de preços do pãozinho. O mais caro custa R$ 11,80 o quilo, praticamente o dobro do mais barato.
A zona oeste é a vice-campeã de preços altos, com valor médio de R$ 10,37, e, na zona norte, o quilo do pão francês sai por, em média, R$ 9,70 (veja quadro).
Segundo a inflação medida pelo IPCA, o pão teve alta de 0,8% em abril e aumento de 4,7% em 2013.
Um dos fatores que mais influenciam esse mercado, segundo o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, Lucilio Alves, é que o país importa metade do trigo usado.
No último ano, a queda no estoque internacional aumentou o preço da matéria-prima. A consequência é que o preço do pão subiu.
Para tentar segurar os preços nas padarias, o governo isentou a TEC (Tarifa Externa Comum) de 10% nas importações. No Brasil, os produtores de trigo encontraram melhor oportunidade na exportação do produto, o que também reduziu a oferta nacional.
A expectativa é que a oferta melhore a partir de setembro, quando começa a colheita do produto no país.
MOTIVOS
A reportagem tentou ouvir as padarias com os maiores valores encontrados por região. A Padaria Estado Luso, por exemplo, que fica em Santana, informou que trabalha com preços similares aos da região e que seus pães são assados em forno à lenha.
A Boulevard de Ville, na Vila Formosa, a Trigueira Pães e Doces, no Campo Belo, e a Estalagem, no Limão, disseram que usam trigo de alta qualidade e, por isso, têm custo mais alto. Outras seis padarias contatadas não responderam à reportagem.
Veículo: Folha de S.Paulo