Maior oferta de vagas formais afeta abertura de empresas

Leia em 3min 40s

O mercado de trabalho parece diminuir o empreendedorismo no País. De acordo o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, uma das principais explicações para a queda na criação de empresas no primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, conforme estudo divulgado ontem pela entidade, é que como o nível de emprego está alto, a população prefere ter um trabalho formal a ter sua própria companhia.

Segundo o estudo inédito da Serasa Experian sobre Nascimento de Empresas, o valor de 428.741 novas empresas no acumulado de janeiro a março deste ano representou um recuo de 4,1% frente ao total de novas companhias surgidas durante o primeiro trimestre de 2012 (447.130). No entanto, o resultado de 2013, foi maior que os totais registrados durantes os primeiros trimestres de 2011 (373.010 novas empresas) e 2010 (322.387).

Cerca de 65% ou 277.391 correspondem a Microempreendedores Individuais (MEIs), 69.351 ou 16% do total foram de Empresas Individuais, e as Sociedades Limitadas totalizaram 59.852 ou 14%. As demais companhias de outras naturezas jurídicas abertas somaram 22.147 ou 5% do total). "É importante notar que a participação dos Microempreendedores Individuais (MEIs) no conjunto de empresas que a cada mês surgem no país vem aumentando progressivamente, respondendo hoje por quase 2/3 do total", diz o estudo do Serasa.

"As oportunidades são maiores no mercado formal. A escassez relativa de mão de obra tem elevado o nível e emprego e os salários pagos pelas empresas formais. Como há uma alta carga tributária para o setor privado, além de problemas sérios de infraestrutura, a opção por abrir uma empresa vem depois de ter um emprego. Mesmo com relação ao microempreendedor individual (que representa 65% do total de novas companhias no primeiro trimestre, de 428.741), onde há vantagens tributárias, a valorização dos imóveis e o aumento dos alugueis faz o mercado de trabalho ser escolhido".

O professor de relações do trabalho da Universidade de São Paulo (USP) afirma que a baixa taxa de desemprego ser um fator para reduzir o empreendedorismo é uma hipótese. "Nós vemos que o brasileiro é muito empreendedor. Porém, a corrida pelo emprego formal é muito maior, principalmente dentro do setor público, no qual o salário médio é superior [quase o dobro em alguns casos] do que no setor privado, como no caso de advogados e juízes. Por isso que a explicação da Serasa faz sentido", afirmou.

Luiz Rabi disse ainda que outra sinalização do efeito do mercado de trabalho no empreendedorismo, é que a região sudeste, apesar de apresentar o maior número de novas empresas no acumulado de janeiro a março (208.438 empresas, 49% do total), "como tem a muita oferta de emprego", mostrou queda de 7,6% na comparação com o registrado no primeiro trimestre de 2012.

Nas Regiões Nordeste (com 80.056 empresas, 19% do total), Centro-Oeste (42.753, igual a 10%) e norte (24.250 ou 6% do total) também revelaram retração no número de criações, em 0,6%, 2,4% e 1,3%, respectivamente. Já no Sul, houve alta de 0,9%, para 73.244 empresas nos primeiros três meses de 2013 (17% do total).

Por outro lado, dados do Portal do Empreendedor mostram que o número de MEIs saltou de 2.665.605 no final de dezembro de 2012 para 3.042.673 até o último dia 22. E dados divulgados pelo Sebrae de São Paulo, no que se refere ao faturamento no estado paulista, mostram que as pequenas empresas possuem um desempenho positivo.

O estudo da Serasa revelou também que no setor de serviços que está a maior concentração do número de empresas criadas durante o primeiro trimestre de 2013: foram 252.118 empresas, representando 59% do total. Em seguida, foram abertas 135.180 empresas comerciais (32% do total) e, no setor industrial, surgiram 34.100 empresas (8% do total) neste mesmo período. Foram criadas 7.343 empresas de outros setores (setor primário, financeiro, terceiro setor).

Ainda ontem o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que hoje, às 18 horas, na cidade de Jundiaí, em São Paulo, ocorre a palestra O BNDES Mais Perto de Você, que divulga as formas de atuação do banco aos micro, pequenos e médios empresários. No primeiro trimestre, o BNDES apresentou desembolso de R$ 15,1 bilhões ao segmento. O crescimento foi de 50% em relação aos três primeiros meses de 2012.



Veículo: DCI


Veja também

Indústria mantém em baixa a demanda por laranjas

Poucas indústrias processadoras de suco de laranja têm adquirido frutas dos produtores do mercado spot (&ag...

Veja mais
Venda no Dia dos Namorados pode crescer até 15% este ano

O comércio eletrônico deve movimentar R$ 1 bilhão com as vendas do Dia dos Namorados, segundo pesqui...

Veja mais
Escassez de produtos deve pressionar preços

SÃO PAULO - A escassez de produtos agrícolas que podem funcionar como novas fontes de pressão sobre...

Veja mais
Negócio do bom atendimento

Executivos do Pão de Açúcar, Natura, Magazine Luiza, GM, Microsoft e American Express contam hoje c...

Veja mais
1/3 deixa de fumar com restrição à publicidade

Um em cada três brasileiros deixou de fumar entre 1989 e 2010 após medidas restritivas de propaganda, no Pa...

Veja mais
De olho nos namorados

Nesta semana, os fabricantes paulistas estão apresentando na Feira do Circuito das Malhas, no pavilhão da ...

Veja mais
Publicidade sobre o fumo

BRASÍLIA - Um em cada três brasileiros deixou de fumar entre 1989 e 2010, por medidas restritivas de propag...

Veja mais
País teve 32 mil trabalhadores temporários até o Dia das Mães

Remuneração média subiu 5% em relação ao mesmo período do ano passadoDurante o...

Veja mais
Mercado de trabalho mantém fôlego, diz ministro

O mercado de trabalho ainda segue com fôlego, apesar dos sinais de desaceleração já apresenta...

Veja mais