O mercado de trabalho parece diminuir o empreendedorismo no País. De acordo o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, uma das principais explicações para a queda na criação de empresas no primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, conforme estudo divulgado ontem pela entidade, é que como o nível de emprego está alto, a população prefere ter um trabalho formal a ter sua própria companhia.
Segundo o estudo inédito da Serasa Experian sobre Nascimento de Empresas, o valor de 428.741 novas empresas no acumulado de janeiro a março deste ano representou um recuo de 4,1% frente ao total de novas companhias surgidas durante o primeiro trimestre de 2012 (447.130). No entanto, o resultado de 2013, foi maior que os totais registrados durantes os primeiros trimestres de 2011 (373.010 novas empresas) e 2010 (322.387).
Cerca de 65% ou 277.391 correspondem a Microempreendedores Individuais (MEIs), 69.351 ou 16% do total foram de Empresas Individuais, e as Sociedades Limitadas totalizaram 59.852 ou 14%. As demais companhias de outras naturezas jurídicas abertas somaram 22.147 ou 5% do total). "É importante notar que a participação dos Microempreendedores Individuais (MEIs) no conjunto de empresas que a cada mês surgem no país vem aumentando progressivamente, respondendo hoje por quase 2/3 do total", diz o estudo do Serasa.
"As oportunidades são maiores no mercado formal. A escassez relativa de mão de obra tem elevado o nível e emprego e os salários pagos pelas empresas formais. Como há uma alta carga tributária para o setor privado, além de problemas sérios de infraestrutura, a opção por abrir uma empresa vem depois de ter um emprego. Mesmo com relação ao microempreendedor individual (que representa 65% do total de novas companhias no primeiro trimestre, de 428.741), onde há vantagens tributárias, a valorização dos imóveis e o aumento dos alugueis faz o mercado de trabalho ser escolhido".
O professor de relações do trabalho da Universidade de São Paulo (USP) afirma que a baixa taxa de desemprego ser um fator para reduzir o empreendedorismo é uma hipótese. "Nós vemos que o brasileiro é muito empreendedor. Porém, a corrida pelo emprego formal é muito maior, principalmente dentro do setor público, no qual o salário médio é superior [quase o dobro em alguns casos] do que no setor privado, como no caso de advogados e juízes. Por isso que a explicação da Serasa faz sentido", afirmou.
Luiz Rabi disse ainda que outra sinalização do efeito do mercado de trabalho no empreendedorismo, é que a região sudeste, apesar de apresentar o maior número de novas empresas no acumulado de janeiro a março (208.438 empresas, 49% do total), "como tem a muita oferta de emprego", mostrou queda de 7,6% na comparação com o registrado no primeiro trimestre de 2012.
Nas Regiões Nordeste (com 80.056 empresas, 19% do total), Centro-Oeste (42.753, igual a 10%) e norte (24.250 ou 6% do total) também revelaram retração no número de criações, em 0,6%, 2,4% e 1,3%, respectivamente. Já no Sul, houve alta de 0,9%, para 73.244 empresas nos primeiros três meses de 2013 (17% do total).
Por outro lado, dados do Portal do Empreendedor mostram que o número de MEIs saltou de 2.665.605 no final de dezembro de 2012 para 3.042.673 até o último dia 22. E dados divulgados pelo Sebrae de São Paulo, no que se refere ao faturamento no estado paulista, mostram que as pequenas empresas possuem um desempenho positivo.
O estudo da Serasa revelou também que no setor de serviços que está a maior concentração do número de empresas criadas durante o primeiro trimestre de 2013: foram 252.118 empresas, representando 59% do total. Em seguida, foram abertas 135.180 empresas comerciais (32% do total) e, no setor industrial, surgiram 34.100 empresas (8% do total) neste mesmo período. Foram criadas 7.343 empresas de outros setores (setor primário, financeiro, terceiro setor).
Ainda ontem o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que hoje, às 18 horas, na cidade de Jundiaí, em São Paulo, ocorre a palestra O BNDES Mais Perto de Você, que divulga as formas de atuação do banco aos micro, pequenos e médios empresários. No primeiro trimestre, o BNDES apresentou desembolso de R$ 15,1 bilhões ao segmento. O crescimento foi de 50% em relação aos três primeiros meses de 2012.
Veículo: DCI