Inflação em maio foi de 0,37%, ante 0,55% em abril; em 12 meses, índice bate no teto da meta do governo: 6,5%
Analistas acham que cenário ainda é incerto e apontam a alta do dólar como um fator de pressão sobre o IPCA
Com o consumo mais fraco, o recuo dos combustíveis e a maior oferta de alimentos com a safra recorde, a inflação cedeu em maio.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial do governo, subiu 0,37%, abaixo dos 0,55% de abril. Trata-se do menor nível desde junho de 2012.
Apesar do alívio, a taxa em 12 meses bateu em 6,50%, o teto do meta do governo.
Segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora do IBGE, o consumo esfriou e isso se traduziu em reajustes menores. Um sinal é a queda das vendas do comércio, em especial dos supermercados.
"Quando os alimentos aumentam, a inflação fica mais perceptível para o consumidor, pois são itens comprados no dia a dia. A tendência é ele reduzir também a compra de outros itens, sentindo o peso maior no orçamento", disse.
Além da demanda fraca, a safra recorde de grãos e cana-de-açúcar e a desoneração da cesta básica impediram aumentos maiores dos alimentos --cuja alta cedeu de 0,96% em abril para 0,31% em maio, o menor índice desde março de 2012.
"Não é que os alimentos ficaram mais baratos. Ainda acumulam fortes reajustes [5,98% no ano, mais que o dobro do IPCA, de 2,88%]. Mas eles têm subido menos."
Analistas têm dúvidas sobre o ritmo da desaceleração dos preços, por causa da alta do dólar, que afeta o preço de grãos e produtos importados.
"Não acredito que a desaceleração de alimentos venha para ficar. Houve uma queda sazonal dos produtos in natura'. O consumo continua aquecido com o emprego em alta", afirmou Priscila Godoy, da Rosenberg & Associados.
O cenário de inflação, diz, segue turvo, e a inflação em 12 meses tende a alcançar 6,70% em junho. Elson Teles, do Itaú, vê na alta do dólar um fator adicional de incerteza. Com isso, o banco elevou sua projeção do IPCA em 2013 de 5,6% para 5,8%.
Veículo: Folha de S.Paulo