Decidido a expandir sua atuação para o varejo, o grupo Marcyn (que detém a marca de lingeries de mesmo nome) acaba de comprar uma tradicional rede de lojas masculinas: a UW Casa das Cuecas. Com a aquisição, a companhia adiou momentaneamente os planos de criar uma rede de franquias com a bandeira Marcyn, anunciado em dezembro. Por hora, vai concentrar-se em reposicionar a varejista masculina e aumentar seus pontos de venda - que hoje totalizam 14 lojas (metade próprias, metade franquias).
"A nossa intenção é chegar a 100 lojas, em três ou quatro anos", diz Carlos Eduardo Padula, diretor comercial da Marcyn, que o fará por meio de franquias. De acordo com o executivo, a Casa das Cuecas fatura R$ 22 milhões ao ano. O valor da aquisição não foi divulgado.
A mudança na estratégia da Marcyn - que emprega cerca de 700 funcionários e produz anualmente 6 milhões de peças - foi motivada por alguns fatores. O mais importante deles foi a falta de definição por um modelo de franquia que não "canibalizasse" os clientes de lojas multimarcas - principal canal distribuidor dos produtos Marcyn. "É muito difícil encontrar um modelo que contemple os dois negócios", diz Padula. "Se sofisticamos o produto para abastecer a franquia, e garantir lucro ao investidor, prejudicamos a multimarcas, cujos valores precisam ser mais baixos."
O consumidor, diz o executivo, não aceita encontrar os artigos da mesma marca por valores muito diferentes. Atualmente, as lingeries Marcyn são distribuídas para 6 mil pontos de venda, no Brasil.
Mesmo sendo ainda o principal tipo de varejo de "underwear" - seja feminino ou masculino - as lojas multimarcas estão perdendo prestígio, principalmente junto aos shoppings. A demanda desses centros, diz Padula, é por lojas monomarca, de preferência oriundas de redes já bastante conhecidas. Daí a ideia anterior de transformar a Marcyn em bandeira de lojas, como fizeram os concorrentes como Hope e Valisere. "Por hora, vamos manter nossa butique na Alameda Lorena, em São Paulo", diz o executivo, que não descarta ter um ou dois outros pontos que funcionem como "flagship stores" e ajudem a reforçar o conceito da marca. "Enquanto isso, amadurecemos o projeto das franquias."
Em comparação ao feminino, o segmento de underwear masculino é menos concorrido e tem presença mais tímida nos shoppings, diz Padula. "Outra vantagem é que a Casa das Cuecas já nasceu como franquia, o que torna o negócio menos arriscado para os investidores." A varejista foi criada em 1968, pelos empresários Israel Levin e David Kaleka, com uma pequena loja na Rua Barão de Itapetininga, centro de São Paulo. Inicialmente, o ponto foi montado para vender as recém-lançadas cuecas Zorba, que traziam um modelo revolucionário: o slip. Nos anos 80, a rede migrou para os shoppings. No início dos anos 2000, a loja passou por remodelagem e acrescentou a sigla UW (de underwear) ao nome original.
A Marcyn, que está completando 30 anos, teve um crescimento de 46% em 2012 e registrou uma expansão de 33% no acumulado do primeiro quadrimestre deste ano. À frente da direção de operações está Marcos Zaborowsky, de 30 anos, que há 11 trabalha na companhia criada em 1983 por seu avô, Luiz Zaborowsky.
Veículo: Valor Econômico