Preço dos fretes despenca 93,4% e ameaça armadores e estaleiros

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As perspectivas são dramáticas para estaleiros, empresas de navios e nações produtoras, no rastro da crise econômica global, alerta a Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) em relação ao preço dos fretes. 

 

O custo do frete marítimo caiu 93,4% no ano passado e as projeções para este ano são também pessimistas. Há cada vez mais grandes navios ociosos e seu valor diminuiu. Mesmo o cancelamento de encomendas de embarcações dificilmente melhorará o cenário em futuro próximo, segundo a agência da ONU. 

 

Até meados de 2008, o crescimento da economia internacional encorajou quase a multiplicação da capacidade de embarcações para transportar mercadorias. Mais de 80% do comércio global de mercadorias é transportado por navios. Mas a crise financeira global provocou uma mudança brutal no ciclo de expansão e contração no setor naval. Depois de uma explosão de preço no começo de 2008, o Baltic Dry Index (BDI), um dos principais indicadores de custo de transporte marítimo, declinou de 11.793 pontos em maio para 789 pontos, ontem. 

 

A queda do BDI é atribuída ao elevado estoque de minério de ferro e menor demanda por aço por parte da China, menor demanda por carvão, antecipação de maior número de navios disponíveis este ano e sobretudo em 2010. 

 

A mudança da conjuntura pegou o setor inflado. Em 2008, a frota mercante global tinha capacidade de carga de 1,1 bilhão dwt , dos quais 319 milhões dwt de embarcações "dry bulk". Ao mesmo tempo, as encomendas para novos navios transportadores era de 222 milhões dwt, equivalente a 57% da frota existente. 

 

A Unctad alerta que a entrega de novos navios a partir deste ano exacerbará o declínio no custo do frete, com o maior suprimento justamente quando a demanda desmorona com a crise global. 

 

Os maiores perdedores com menor taxa de frete são a China, Coréia do Sul, Hong Kong, Taiwan, Índia, Singapura, Irã e Vietnã, cujos proprietários de navios contam com o comércio internacional forte. 

 

No momento, até 5% dos navios Capesize (para transporte de granéis sólidos de até 180 toneladas) estão ociosos. Também o preço dos navios desvalorizou: um navio de cinco anos do tipo Panamax (com capacidade entre 50 mil e 70 mil toneladas liquidas) declinou de US$ 90 milhões em dezembro de 2007 para cerca de US$ 30 milhões em novembro de 2008. 

 

Em novembro, uma companhia que deveria receber agora seis Capesize por US$ 530 milhões conseguiu cancelar a encomenda ao constatar que o valor do pacote no mercado tinha caído para US$ 300 milhões. Para isso, pagou multa de US$ 53 milhões, mas salvou US$ 230 milhões de ativos perdidos. 

 

Em dois anos até novembro passado, nenhum grande navio tinha sido demolido. Desde o final de 2008, a situação mudou. 

 

Proprietários incapazes de vender seus navios agora enfrentam perdas operacionais e apertos financeiros, já que o acesso ao crédito está ainda mais difícil com a crise global. 

 

Veículo: Valor Econômico


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