Com protestos, venda em lojas recua 70%

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Manifestações em São Paulo derrubam movimento de diversos setores, de shopping centers a eventos em hotéis

Boatos sobre a realização e a rota dos protestos na capital também prejudicam diversos negócios
DE SÃO PAULO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As manifestações que tomaram as ruas de São Paulo na semana passada afetaram o desempenho do comércio e derrubaram o movimento em shoppings, hotéis, restaurantes e bares da capital.

Nas regiões por onde os protestos passaram, as vendas em lojas de rua chegaram a cair 70% e o fluxo de consumidores nos centros de compras encolheu 45%.

A taxa de ocupação dos hotéis na cidade caiu cerca de 30% e pelo menos mil restaurantes fecharam as portas à noite, deixando de faturar R$ 6 milhões, segundo as entidades do setor.

Nos hotéis da região da avenida Paulista, a taxa de ocupação, de em média 85% entre segunda e sexta-feira, caiu para 57% na última semana, diz a Abih-SP (associação da indústria de hotéis).

Segundo a entidade, cerca de 70% dos eventos corporativos, principal fonte do movimento dos hotéis na capital em dias úteis, foram cancelados. No total, o prejuízo foi de R$ 10 milhões.

Restaurantes e bares devem faturar 10% menos em junho por causa das manifestações, estima a Abrasel-SP (associação do setor).

"O impacto se espalha por toda a cidade, pois muita gente deixa de sair de casa com medo do ficar preso nos protestos", diz Joaquim Almeida, presidente da entidade.

COMÉRCIO

Em centros comerciais da avenida Paulista, as lojas fecharam cerca de duas horas mais cedo para evitar depredações e permitir que funcionários voltassem para a casa antes do início dos protestos.

Mesmo em outros períodos, o movimento foi fraco, segundo os lojistas. "As pessoas estavam com medo", diz a vendedora Jéssica Fontes, 21.

Na loja Le Postiche, as vendas na semana passada foram 60% menores do que o habitual. Em uma franquia da Puket, a queda foi de 70%.

Os comerciantes explicam que o impacto é grande porque o horário das manifestações é justamente no pico do movimento --das 16h às 20h. Quem trabalha ou passa pela região se apressa para voltar para casa, evitando a "compra por impulso".

Boatos sobre a realização e a rota dos protestos, que se espalham pela cidade, também prejudicam os negócios.

Na última sexta-feira, lojas de confecção no Brás, zona central da cidade, fecharam a partir das 15h devido a informações que circulavam sobre uma manifestação na região, que não ocorreu.

Nelson Tranquez, da Confederação de Dirigentes Lojistas do Bom Retiro, estima fluxo de clientes na região 50% menor na semana passada. "O principal problema foram os consumidores de outros Estados, que adiaram ou cancelaram suas viagens."

Na região da 25 de março, de comércio popular, lojistas estimam queda de 15% no faturamento de junho por causa do menor movimento. Apesar de a queda mais expressiva ter ocorrido na semana passada, auge dos protestos, o reflexo continua nesta semana, dizem os lojistas.

OPORTUNIDADE

Para alguns empresários, as manifestações se transformaram em um bom negócio. No Largo da Batata, uma loja de utilidades que vende bandeiras, cornetas e cartolina teve filas durante os protestos.

Na avenida Paulista, uma lanchonete montou um serviço de entrega: com apenas uma pequena passagem aberta, os manifestantes compravam lanches e bebidas, conta o gerente Sérgio Flaviano.



Veículo: Folha de S.Paulo


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