Redes sociais alavancam as vendas on-line

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Mesmo recentes no País, as iniciativas em mídias sociais - ou como é chamado, o social commerce - e demais estratégias de aproximação da marca com o consumidor começam a surtir efeito. Empresas como Pão de Açúcar, Lojas Renner, Starbucks entre tantos outros aderiram à iniciativa e aprendem a lidar com essa nova ferramenta de venda.

Quem já deu certo na atuação on-line foi o Magazine Você, ação da rede varejista Magazine Luiza em que o usuário do Facebook pode montar pequena loja virtual e ganha uma comissão que varia de 2,5% a 6% da venda.

Em pouco mais de um ano, a empresa atingiu índices significativos: mais de 100 mil lojinhas Magazine Você e conversão de vendas 40% maior que as obtidas pela loja virtual da rede. Segundo Frederico Trajano diretor executivo de vendas e marketing do Magazine Luiza, a rede sempre se preocupou com a presença on-line de sua marca, por isso é uma das pioneiras quando se fala em social commerce.

"Quando lançamos a loja virtual, nem se falava muito nisso no Brasil direito, mas como me interesso muito no assunto, todas as nossas estratégias são baseadas no potencial", disse o executivo.

Ainda com informações de Trajano, o sucesso do projeto Magazine Você, que nada mais é do que agregar em suas operações revendedores virtuais - foi tanto, que as expectativas de adesão foram batidas em três meses após seu lançamento.

"Esperávamos o resultado em um ano, conseguimos isso muito antes", disse.

As vendas pelo Facebook são 40% maiores que as da loja virtual e a tendência é que cresçam mais. "Não é só pelo Facebook, vemos no canal mobile uma boa opção de venda", disse Trajano.

Vale ressaltar que o Facebook é a plataforma que comporta esse tipo de "loja virtual", mas toda a responsabilidade da operação fica por conta, nesse caso específico, do Magazine Luiza. "O nosso revendedor tem apenas que mostrar à sua rede de amigos os produtos que estão a venda, todo o restante: pagamento, entrega e pós-venda é por nossa conta", enfatizou Trajano.

Tecnologia a favor

Outra medida que incentivou a utilização da Internet móvel a favor da empresa foi a criação, em outubro do ano passado, do Chip Luiza, em parceria com a empresa de telefonia móvel Claro. "Com ele demos acesso ao uso móvel da Internet e de redes sociais para um número significativo de consumidores. Hoje temos 600 mil visitas à nossa loja virtual por meio de dispositivos mobile".

"Vamos ampliar essa atuação até o final deste ano, com a inserção de duas novas empresas de celular a emprestar seus serviços ao Magazine Luiza".

Vale enfatizar que, estar presente em todas as redes sociais disponíveis no País: Twitter, Instagram e até mesmo o Linkedin - em especial para as empresas que atuam com Business to Business (B2B), faz com que o empresário tenha um alcance maior.

Mas as plataformas que possibilitam um processo de venda são o Facebook e o Youtube. Elas servem como o primeiro contato, remetem o consumidor para a loja virtual ou ponto físico de cada empresa.

A efetividade da rede social é tanta que, uma das lojas do Magazine Você já vendeu R$ 35 mil em produtos. "Isso é uma relação de ganha-ganha. Com esse sistema conseguimos estar mais próximo do sistema de venda direta, que na nossa operação é um pouco complicado de ser empregado da forma convencional", explicou Frederico Trajano.

Mas, na opinião de Claudia Sciama, diretora de negócios para o varejo do Google Brasil, o varejista devem ir além de buscar apenas resultados. Deve estar atento a todos os processos que envolvem a compra, assim as medidas de social mídia serão verdadeiramente efetivas. "O varejista, seja ele pequeno ou grande, deve se atentar a todo o processo que envolve a conversão de compra no social commerce. Não basta focar apenas em métricas e no retorno do investimento", disse ela.

Um dos segmentos de varejo que mais se tem retorno positivo com a utilização das redes sociais é o segmento de moda. Varejistas de vestuário, além das redes sociais Facebook e Instragram, Google Plus usam o poder de alcance dos vídeos do Youtube para levar sua marca a um número maior de consumidores. Claudia afirmou que todo o conteúdo produzido para esses canais deve ser específico para o público alvo e a utilização de terceiros - blogueiros e afins - é uma postura válida. "Nos Estados Unidos a grife teenForever 21 aproveitou a iniciativa de duas jovens que faziam compras na loja e depois gravavam vídeos sobre as roupas, com sugestões de como criar um look", disse ela. A rede contratou as duas adolescentes para gravar os vídeos e os mesmos serem postados no Youtube, na conta que a empresa criou. Outro player internacional a interagir com o consumidor foi a ASOS. Por vender apenas pela Internet, a varejista on-line disponibiliza o recurso de vídeo em todos os produtos que estão a venda no site. "É muito mais fácil converter a venda quando algo mais interativo do que com uma foto blocada", explicou a especialista do Google. Outro diferencial foi promover shows ao vivo pelo Youtube. Enquanto o consumidor assiste a apresentação onde os interpretes usam roupas e acessórios da marca, peças aparecem na tela, basta o consumidor clicar para saber mais sobre o produto.

No Brasil quem apostou nessa iniciativa foi a rede varejista C&A. Para converter um número maior de pessoas às suas lojas - a marca não vende pela Internet - ela passou a ser patrocinadora oficial da conta Youtube/moda. Nesse ambiente, blogueiras falam sobre moda, tendências, maquiagem e demais assuntos e a C&A aparece como principal fornecedora desse conteúdo. "Ela usa o canal como estratégia de gestão da sua marca (branding) e por consequência induz o consumidor a ir em uma das suas lojas", concluiu Claudia. Outra dica foi em relação a estratégia para quem quer utilizar o social commerce como agregador de rendimento. Tudo está na forma como executa cada projeto. "Branding, conteúdo de qualidade, engajamento da marca e consumidor."


Supermercados também devem estar atentos

O poder da mobilidade virtual pode agregar à imagem da empresa  ou provocar sérios danos. Prova disso são os constantes posts que usuários das mais variadas redes sociais costumam fazer quando estão em pontos de venda.

Segundo Manoel Fernandes especialista da Bites - empresa que cuida  da imagem das marcas em redes sociais -, pesquisa feita com o setor supermercadista apontou que cada player é percebido de uma forma pelo consumidor. O Pão de Açúcar é visto como um lugar bom, mas com preços caros. Já o Carrefour é visto como um local bom para se fazer compras. O Walmart é visto como um lugar barato. Fernandes chegou a essas conclusões ao analisar o que é postado em redes sociais pelos consumidores. "É interessante esse tipo de métrica, você consegue entender melhor a percepção do cliente sobre sua operação". Outro ponto identificado pelo estudo feito foi que, dos clientes que foram analisados, a grande maioria citou fatos como: filas, caixas, espera, preço, promoção, atendimento, demora, inflação, roubo e organização. "Quando a rede identificar aspectos como esse vale a atenção. Se um número grande de pessoas estiver falando das filas, cabe à operação melhorar esse ponto. O mesmo acontece com todos os itens descritos", disse Fernandes.



Veículo: DCI


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