Com os rivais em crise, Amazon muda estratégia e eleva preços

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Varejista cria polêmica ao alterar a política de descontos para livros que a consagrou no mercado

O primeiro livro de Jim Hollock, uma história de suspense com cenário na Pensilvânia, teve ótimas críticas e boas vendas quando foi ançadoem2011. Hoje, Born to Lose perdeu ímpeto, mas a Amazon, para grande frustração do escritor, aumentou o preço do livro em quase um terço. “No momento em que as pessoas precisam de um incentivo, ela decidiu aumentar.”

Outros escritores e editoras dizem a mesma coisa: a Amazon, maior força na venda de livros em razão dos grandes descontos que oferece, vem reformulando seus contratos de venda de livros.

É difícil traçar de modo compreensível o movimento dos preços na Amazon,portanto, as evidências são apenas descritivas e fragmentadas. Bruce Joshua Miller, presidente da Miller Trade Book Marketing, empresa de Chicago que representa editoras independentes e universitárias, disse recentemente ter feito uma pesquisa com 18 editoras.

“Quatorze disseram que a Amazon ou reduziu os descontos sobre livros eruditos ou, no caso de títulos com baixa venda ou mais antigos,foram eliminados completamente do catálogo”, afirma Miller.

Quando a Editora da Universidade de Nebraska lançou a biografia do romancista Jim Harrison, há quatro anos, o preço na Amazon era US$ 43,87. Agora, custa US$ 59,87. Rob Buchanan, coordenador de vendas da editora, diz que o preço de catálogo de US$65 do livro não mudou e nem o preço de venda faturado para a Amazon.

“Na verdade estamos reduzindo os preços”, diz Sarah Gelman, porta-voz da varejista.“Pagamos por essas reduções de preços mantendo um foco incessante em melhorar nossa execução – e este compromisso com os preços baixos é uma das razões pelas quais nossas operações com livros impressos continuam crescendo.” A executiva, no entanto,não quis comentar títulos específicos.

Os preços mais altos têm implicações que vão além dos autores aborrecidos. Apesar de todo alvoroço em torno dos livros eletrônicos, o livro impresso ainda é um grande negócio. A Amazon vende um livro eletrônico em comparação com quatro impressos vendidos, chegando a um nível de controle do mercado com poucos precedentes no comércio livreiro.

O resultado é que a concorrência enfraqueceu. Agora, com a Borders extinta, Barnes & Noble em dificuldades e um número de livrarias independentes cada vez menor, para muitos clientes não existe outra maneira de comprar livros senão por meio da Amazon.

“Você reduz seus preços até a concorrência se tornar irrelevante e então eleva os preços e tem o dinheiro de volta”,diz Stephen Blake Mettee, presidente do conselho da Independent Book Publishers Association.

Naturalmente, muitos livros na Amazon ainda têm descontos significativos,especialmente os livros populares,onde ainda há concorrência. Mas mesmo livros de vencedores de prêmios Nobel hoje são vendidos a preços que divergem muito pouco dos cobrados pelas livrarias.

Este experimento da Amazon em termos de política de preços é realizado diante de um pano de fundo tumultuado no meio editorial e livreiro. O Departamento de Justiça processou a Apple e grandes editoras, acusando-as de conspirar para elevar os preços dos livros eletrônicos para se defenderem da Amazon.

Nos seus 16 anos como empresa de capital aberto, a Amazon recebeu permissão especial de Wall Street para expandir sua infraestrutura, aumentar suas receitas em detrimento do lucro. Os acionistas levaram as ações da companhia a uma alta recorde, mesmo que a empresa ofereça pouco em troca.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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