As usinas Santa Helena e Pantanal retomam nesta semana sua produção de açúcar e etanol nas cidades de Santa Helena (GO) e Jaciara (MT). Pertencentes ao extinto Grupo Naoum, elas devem faturar neste ano até R$ 300 milhões, segundo o diretor jurídico e gestor geral da Usina Santa Helena, Reinaldo de Toledo Maluli, em entrevista ao DCI.

Elas estavam paralisadas desde dezembro e já perderam três meses de moagem de cana-de-açúcar. Com a retomada das atividades, cerca de 350 mil toneladas serão vendidas para outras usinas, já que as duas unidades não terão capacidade de moer esse volume este ano. Para se ter como base de comparação, em abril do ano passado, o grupo, que também administra a Usina Jaciara (MT), já tinha vendido 1,6 milhão de sacos de açúcar de 60 quilogramas.

Até o fim desta safra, as usinas Santa Helena e Pantanal devem moer 1,2 milhão de toneladas cada uma, com uma produção direcionada principalmente para o mercado açucareiro. A perspectiva inicial é de direcionar 60% da produção para o açúcar.

A proporção vai na contramão da direção do mercado, que nesta safra deve dar mais peso para a produção de etanol. Na safra 2012/2013, a produção de etanol do Centro-Sul consumiu 50,59% do volume de cana colhido, e nesta safra, o álcool deve consumir 50,6% da produção de cana, de acordo com a última estimativa realizada pela Datagro.

"Normalmente damos preferência para o açúcar. Podemos alterar a proporção [entre açúcar e etanol] de acordo com a necessidade. Depende do programa do governo, se não for inviabilizar o álcool", afirma Maluli.

Até o fim do ano, as duas usinas devem produzir 100 mil metros cúbicos de etanol e até quatro milhões de toneladas de açúcar, o que equivale a cerca de 66 milhões de sacos. Deste volume, 428 mil sacos foram comprometidos com pagamentos futuros de açúcar para grupos privados que estão financiando a retomada das atividades das usinas.

A capitalização do grupo correu por fora das instituições bancárias e do governo. Apesar do pacote lançado pelo governo em abril que envolvia R$ 1 bilhão em desoneração fiscal e R$ 6 bilhões em financiamentos, nenhuma das medidas foi aproveitada pelas usinas Santa Helena e Pantanal.

A situação financeira do Grupo Naoum era trágica, como muitas outras do setor sucroalcooleiro. No ano passado, o faturamento da empresa havia caído 20,4%, de R$ 440 milhões em 2011 para R$ 350 milhões em 2012. Mesmo esse rendimento, no entanto, vinha sendo consumido pelo alto endividamento da companhia, que só com credores somava R$ 500 milhões. A empresa ainda vinha arrastando uma recuperação judicial desde 2008 na Justiça de Anápolis (GO), que determinou que o grupo decretasse falência em novembro do ano passado. O caso foi para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), que reverteu a decisão. O estrago, porém, já tinha sido feito. Até o meio deste ano, as três usinas tinham em caixa apenas R$ 6.510, e mais de dois mil funcionários foram demitidos.

Apesar disso, os administradores do grupo conseguiram captar R$ 15 milhões neste ano com empresas parceiras, prometendo o pagamento futuro dos 428 mil sacos de açúcar.

Segundo o gestor geral da Usina Santa Helena, unidade que voltou a entrar em operação neste sábado, foram readmitidos os mil funcionários que haviam sido demitidos em 2012, e mais de mil funcionários também foram readmitidos na Usina Pantanal, que retoma hoje suas atividades.



Veículo: DCI