Da casa da avó, geleia sem açúcar chega a 80 países

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Seu pote alongado pode ser encontrado nos supermercados de boa parte do planeta, inclusive no Brasil, onde suas vendas vêm crescendo. A marca francesa St Dalfour está ampliando sua presença internacional com suas geleias sem adição de açúcar, ingrediente imprescindível nesse tipo produto. Ele é substituído por suco de uva natural. Mas não se trata de uma "jogada de marketing" para atrair os que se preocupam com as calorias dos alimentos. A "receita de avó" foi inventada na Segunda Guerra, quando havia racionamento de açúcar refinado no país e seus preços eram exorbitantes.

Enquanto a França registra nos últimos anos gigantescos déficits comerciais - o acumulado dos últimos 12 meses já ultrapassa € 63 bilhões - em razão do recuo constante das vendas externas, a St Dalfour é uma empresa totalmente voltada para a exportação (a França representa apenas 1% dos negócios), que vem registrando crescimento anual de 4% a 5% nas vendas nos últimos cinco anos.

A companhia, fundada em 1984 e com faturamento global de € 38 milhões, atua em 80 países. No Brasil, após um aumento de 10% nas vendas em 2011, o crescimento foi de 22% em 2012 na comparação com o ano anterior. O salto ocorreu porque a empresa ampliou sua presença no varejo. "Já estamos presentes em 60% do Brasil", afirma Claude Kistner, presidente da St Dalfour.

Foi sua avó, dona de vinhedos na época da Segunda Guerra, que inventou a receita de geleias adoçadas apenas com suco de uva natural concentrado, onde o único açúcar é o das próprias frutas utilizadas. Não é por acaso que a fábrica se situa na região da Aquitânia, no sudoeste da França, onde também ficam os famosos vinhedos de Bordeaux. Há uma técnica para que o sabor da uva não seja perceptível nas geleias de outras frutas.

A marca vende no Brasil cerca de 1 milhão de potes de geleia (com 284 gramas). A produção total é de 35 milhões de potes. O Brasil é "prioritário" para a St Dalfour, diz o presidente, e já está entre os dez maiores mercados em relação às atividades da empresa. Os Estados Unidos, o Japão, a Austrália e a Inglaterra são os principais destinos das vendas e representam 40% do faturamento global.

Apesar do cenário econômico instável no Brasil, com a alta da inflação, e da desvalorização do real, que afeta o faturamento em euros, Kistner prevê crescimento de 5% nas vendas no país neste ano. Ele se diz "preocupado" com a deterioração do cenário econômico brasileiro, mas afirma ter confiança no país a longo prazo e continua apostando no aumento das vendas. "Os protestos populares são um fator determinante para o futuro. Não sabemos o que vai ocorrer no Brasil no próximo ano, mas para nós é um mercado com potencial", diz o presidente.

Kistner estima que o faturamento da St Dalfour deverá crescer entre 3% e 4% neste ano. Ele afirma que a empresa vem conseguindo manter o nível de vendas em países europeus fortemente afetados pela crise, como a Grécia, Portugal e a Espanha. A St Dalfour, segundo ele, registra neste ano uma leve progressão do faturamento, de 2% a 3%, na Europa e nos Estados Unidos. Até o próximo ano, a marca entrará em novos mercados, como Angola, Líbia e o Iêmen.

Com sabores tradicionais e outros mais inusitados - como laranja com gengibre, mirtilo selvagem, fortunella ("kumquat" chinês) ou ainda cereja negra (da Basileia, na Suíça) - as geleias também não possuem corantes nem conservantes, segundo a empresa.

Nos últimos anos, a St Dalfour ampliou suas linhas de produtos e lançou caldas, frutas secas embaladas a vácuo, além de chás e saladas (a vácuo) com frango, pato, peixes e legumes, produzidos também sem aditivos químicos, diz a companhia. Mas as geleias são o carro-chefe e totalizam 90% das vendas.

A St Dalfour possui 130 funcionários. A quase totalidade trabalha na fábrica em Marmande, na Aquitânia. O escritório comercial fica no centro da França, nos arredores do visitado castelo de Chambord, do século XVI. Tudo está concentrado na França, com exceção do capital: a St Dalfour pertence a uma empresa familiar americana, que atua na área de alimentos e destilados. A receita de sucesso é da avó de Kistner, mas a empresa exportadora francesa foi criada com recursos estrangeiros.



Veículo: Valor Econômico


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