A participação do varejo tem sido decisiva para movimentar o mercado de trabalho da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e incrementar cada vez mais a economia cearense. Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) indicam que entre, 2004 e 2011, o emprego formal no comércio da RMF cresceu em média 8,9% ao ano, superando o patamar de ampliação do emprego formal total, estimada em 7,8%. No mesmo período, a média de empregados por estabelecimento comercial passou de 5,9 para 7,2.
Com base na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), considerando o intervalo de 2009 até 2011, o número total de ocupados no comércio da RMF passou de 285 mil para 303 mil pessoas - um incremento de 6,3% no nível de ocupação do setor, que contabilizou um adicional de 18 mil pessoas. Mais do que ampliar o número de contratações, o varejo local tem se destacado como porta de entrada no mercado de trabalho para jovens e mulheres, além de ampliar a formalização e o ganho médio real dos trabalhadores.
As conclusões são apontadas no estudo "O Trabalhador do Comércio: Características e Particularidades", que foi divulgado, ontem, na sede do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), em Fortaleza, pelo analista de mercado do trabalho do Instituto e autor da pesquisa, Mardônio Costa.
Evolução
Segundo ele, o levantamento revela avanços e desafios do setor no contexto do mercado de trabalho da RMF. "Em termos de avanços a gente pode destacar a maior participação relativa do comércio no emprego, a expansão do emprego com carteira assinada, o fato de o comércio possibilitar a maior inserção de jovens e mulheres no mercado de trabalho, o ganho real de salários em torno de 4,2% e o avanço da formalização, que contribuiu para a ampliação da cobertura da previdência social".
Mardônio explica que, com a expansão do emprego, houve a elevação da massa salarial em 11% entre 2009 e 2011. "Ou seja, é o comércio se retroalimentando. Na medida em que ele gera emprego, gera massa salarial e gera também consumo".
Alerta
Entre os fatores preocupantes apontados na pesquisa, o especialista cita a baixa escolaridade dos trabalhadores do comércio, principalmente entre os jovens de 16 a 24 anos, e a alta rotatividade do setor varejista.
"Nove anos de estudo, em média, é uma escolaridade muito baixa para um setor que vem avançando tecnologicamente, principalmente no Nordeste, em função do crescimento da classe média devido à migração muito forte das classes D e E para a C que fomentou o consumo", argumenta Mardônio.
Novas tecnologias
Conforme o titular do estudo, com a vinda de novas empresas se instalando no Estado, inclusive multinacionais, são trazidas outras tecnologias mais modernas e isso exige um trabalhador mais escolarizado e mais qualificado. Porém o estudo mostra que 16% dos trabalhadores do comércio são considerados subqualificados. "Isso quer dizer que existem 48 mil trabalhadores no varejo que precisam de um olhar mais atento nesse aspecto da escolaridade e da qualificação profissional".
Veículo: Diário do Nordeste