A oscilação das temperaturas e a baixa umidade no ar registradas em todo o País estão abrindo as portas de um novo mercado, o de climatizadores de ar. O produto, um intermediário entre o ar condicionado e o ventilador, vem sendo cada vez mais procurado pelos consumidores. Somente no primeiro semestre de 2013, as vendas aumentaram 65% em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados divulgados pela consultoria alemã GfK.
Nesse mesmo período, o preço médio dos climatizadores comercializados em todo País caiu 2%. Segundo a GfK, o valor médio destes produtos no primeiro semestre do ano girou em torno de R$ 377. Acompanhando o desempenho obtido pelo segmento nos últimos anos, marcas como Consul, Elgin e Midea Carrier dedicam cada vez mais atenção ao setor, trabalhando no aperfeiçoamento do designer destes itens, em sua grande maioria, importados de países asiáticos - principalmente da China.
A brasileira Elgin, por exemplo, decidiu reformular toda sua linha de climatizadores de ar em 2013, após concluir que sua antiga coleção não contemplava todos os quesitos procurados pelo público. "Estamos apostando forte nesta nova linha, pois esse mercado está crescendo muito. Na antiga coleção, o compartimento aonde se coloca água tinha entre 10 a 20 litros, mas o mercado prefere aqueles de 5 a 8 litros. Por isso, nosso climatizador atual vem com espaço para 7,5 litros", explicou a gerente de produto da Elgin, Andrea Denise de Lima.
De acordo com a executiva, o mercado geral de climatizadores no Brasil comercializou 700 mil unidades no ano passado. Classificados como eletrodoméstico pertencente à linha branca, esses produtos vêm ganhando espaço por serem mais baratos que o ar-condicionado, portáteis e por oferecerem benefícios à saúde.
"O ionizador presente em alguns climatizadores é capaz de matar ácaros, bactérias e vírus, ajudando as pessoas que sofrem com problemas respiratórios, como a rinite. Dessa maneira, além de resfriar o ambiente em até cinco graus, ele umidifica o ar", enfatizou Andrea de Lima.
O faturamento da Elgin em 2013, somando todas as divisões nas quais atua, deve crescer 15%. Só a divisão de climatização já é responsável por 23% do faturamento e, segundo Andrea, os climatizadores poderão representar 5% dentro deste montante.
Líder em ar-condicionado, a multinacional Midea Carrier também vem apostando nesta categoria. Neste ano, a Midea lançou um novo climatizador com ionizador e tanque de 7 litros.
"Desde 2008, este setor tem crescido em torno de dois dígitos, atingindo até três dígitos em alguns anos. Por isso, todos os fabricantes de linha branca estão entrando na disputa por uma fatia maior desse mercado. Estamos buscando a liderança", enfatizou o gerente de marketing de produtos da Midea Carrier, Rodrigo Teixeira.
Segundo o executivo, o Centro-Oeste, o Nordeste e o Estado de São Paulo estão entre as regiões com maior demanda por esses produtos devido ao clima mais seco. Em 2013, a categoria de climatizadores de ar - que ainda é pouco considerada pelo setor, que nem contabiliza oficialmente os dados de participação e vendas - deve atingir um crescimento de no mínimo 30% nas vendas da Midea Carrier.
A Consul, uma das marca da gigante norte-americana Whirlpool, também mantém os investimentos destinados para esta área. A empresa foi uma das primeiras a notar o potencial deste mercado, lançando toda uma linha de climatizadores de ar no ano de 2003.
"O setor vem crescendo acima de dois dígitos nos últimos anos e está em plena expansão. Atualmente, existe uma quantidade muito grande de marcas e competidores, por isso investimos forte na inovação", disse o diretor de marketing da Whirlpool Latin America, Gustavo Melo.
Entre as novidades estão o manejo do aparelho por controle remoto e a gaveta removível, que ajuda no abastecimento de água. Segundo Melo, as pessoas também estão compreendendo melhor os benefícios trazidos pelo item, capaz de filtrar o ar.
No entanto, apesar do crescimento nas vendas, nenhuma empresa ouvida pelo DCI mostrou interesse em nacionalizar a produção de seus climatizadores.
Segundo Andrea de Lima, a montagem de uma linha de produção agregaria custos financeiros para a empresa, que precisaria de incentivos. "Esse produto não vem com IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] tão elevado como o ar-condicionado. Por isso, ainda não se tem tanto interesse em fabricá-lo aqui", disse.
Para a executiva, entretanto, a possibilidade de produção nacional ainda não foi descartada pela Elgin. Atualmente, a companhia acompanha a alta do dólar com preocupação. Já para Teixeira, da Carrier, a nacionalização deve levar em consideração a competitividade da economia. "O País tem um problema de competitividade. Por isso, a nacionalização também depende de incentivos do governo", concluiu.
Veículo: DCI