A economia brasileira tem fundamentos sólidos e o país não atravessa uma crise cambial, apesar da forte alta do dólar nas últimas semanas, disse ontem o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. "Não estamos enfrentando crise cambial. Temos um sistema bancário robusto. E um sistema privado robusto também", afirmou, durante o Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex) 2013, no Rio. "Temos condições macroeconômicas perfeitamente administráveis e grandes oportunidades de investimento."
Apesar de negar a existência de uma crise cambial, Coutinho ressaltou que o Brasil está entrando, provavelmente, em novo patamar de taxa de câmbio. "Muito provavelmente entramos em um ciclo duradouro de valorização do dólar, o que tende a criar condições mais favoráveis para nossa competitividade no médio prazo", disse.
Segundo ele, muitas cadeias produtivas que perderam espaço na indústria de transformação no cenário global poderão "sonhar e ambicionar recuperar esses espaços com o real depreciado". O desafio de curto prazo, segundo o presidente do banco, é estabilizar a volatilidade cambial, para evitar pressões inflacionárias.
"Não podemos basear toda nossa política de competitividade na taxa de câmbio", disse Coutinho, que defende a criação de fundamentos, de médio e longo prazo, que permitam a travessia por períodos mais ou menos favoráveis ao câmbio, sem afetar a exportação.
"Houve uma mudança importante, com a subida nos salários e queda de natalidade, o que afetou o crescimento da população economicamente ativa. Torna-se imperioso que empresas invistam em produtividade", disse Coutinho.
De acordo com ele, uma taxa de câmbio um pouco inferior à atual, entre R$ 2,20 e R$ 2,35, é mais fácil de ser sustentada. "Não podemos pensar apenas na taxa nominal. Temos que pensar no plano real e na inflação. É preciso tranquilidade para deixar passar esse momento de nervosismo."
O presidente do BNDES informou que os desembolsos diretos do banco para infraestrutura podem crescer 10% no ano que vem, na comparação com a expectativa que o banco tem para 2013, que é de R$ 30 bilhões. Coutinho disse que essa estimativa já inclui o montante que deve ser destinado às concessões.
Veículo: Valor Econômico