Até o momento, o clima e as condições de mercado têm sido favoráveis aos produtores mineiros.
Os preços lucrativos e a maior utilização da soja precoce têm incentivado o aumento da safrinha de milho em Minas Gerais. Somente na safra atual é esperado um incremento de 18,1%, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Até o momento, o clima não tem sido favorável ao plantio da soja precoce para a safra 2013/14, o que pode afetar a segunda safra de milho em 2014.
De acordo com o pesquisador de economia agrícola da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Unidade Milho e Sorgo (Embrapa Milho e Sorgo), Jason de Oliveira Duarte, o plantio da safrinha tem sido muito estimulado pelo maior uso da soja precoce, o que antecipa o plantio do milho e diminui o risco da cultura.
"A safrinha de milho em Minas Gerais e nas demais regiões produtoras do país tem sido ampliada ao longo dos últimos anos, o que acontece devido ao maior uso das sementes precoces de soja. O uso destas sementes permite que o milho seja cultivado mais cedo, o que diminui o risco de a cultura ser prejudicada pela seca", diz.
Ainda segundo Duarte, até o momento o clima e as condições de mercado têm sido favoráveis para os produtores que investiram no plantio do cereal. A colheita no Estado já foi iniciada e deve ser concluída no próximo mês.
Os dados da Conab apontam para uma expansão de 18,1% no plantio do milho segunda safra somente em Minas Gerais. A estimativa é que sejam colhidas 617,8 mil toneladas, frente às 523,2 mil toneladas obtidas em igual safra anterior. A área plantada é de 118,8 mil hectares, incremento de 26%. A produtividade foi reduzida em 6,3%, com rendimento médio de 5,2 toneladas por hectare.
Apesar de ainda distante, as especulações em relação ao clima para a próxima safra não são satisfatórias. De acordo com Duarte, o período de seca está maior que nos anos anteriores, o que pode atrasar o plantio da safra de soja, que geralmente é iniciado em setembro, e por conseqüência a segunda safra de milho.
"A princípio, diante da ameaça do prolongamento da seca tanto no Brasil como nos Estados Unidos, os preços pagos pelo milho estão sendo sustentados mesmo com a oferta maior. A situação pode mudar ao longo dos próximos meses, mas até o momento é esperado atraso na implantação da cultura de soja", disse.
De acordo com os dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), no período de 15 a 21 de agosto, nas principais regiões produtoras do Estado, o milho esteve cotado entre R$ 19 e R$ 23 a saca de 60 quilos. O mercado brasileiro está resistindo à redução de preços diante das expectativas da safra dos Estados Unidos e os produtores vêm retendo o cereal e tentando alguma alta nos preços.
Sementes - Outro fator que tem estimulado a ampliação da safrinha é o desenvolvimento de sementes do cereal. Segundo Duarte, a Embrapa trabalha constantemente no melhoramento das sementes convencionais, que têm produtividade próxima das sementes transgênicas e são recomendadas para o cultivo nas áreas de refúgio.
"A indústria de sementes precisa investir na divulgação correta do uso das transgênicas. O certo é reservar, pelo menos, 10% da área plantada com as transgênicas para o plantio do milho convencional, o que evita que os insetos se tornem resistentes à tecnologia. Atualmente temos sementes com alto padrão de qualidade e produtividade elevada", diz.
Veículo: Diário do Comércio - MG