Os preços da soja apresentaram boa evolução nas negociações na última semana no mercado brasileiro. A melhora nas cotações também acelerou a comercialização nas principais praças do país. O bom desempenho foi determinado pela combinação de ganhos na Bolsa de Mercadorias de Chicago e pela valorização do dólar frente ao real.
A saca de 60 quilos subiu de R$ 69,00 no dia 15 para R$ 73,00 no dia 22, em Passo Fundo (RS). Em Cascavel (PR), o preço passou de R$ 65,50 para R$ 69,50 no mesmo período. Em Rondonópolis (MT), a cotação passou de R$ 60,00 para R$ 63,00. Em Dourados (MS), o preço pulou de R$ 61,50 para R$ 64,00 e em Rio Verde (GO) avançou de R$ 60,00 para R$ 62,00.
Em Chicago, os contratos com vencimento em setembro tiveram valorização de 2,64%, passando de US$ 12,88 para US$ 13,22 por bushel. As preocupações com o clima seco no Meio Oeste dos Estados Unidos impulsionaram os preços e colocaram em xeque as mais otimistas previsões, que indicam safra americana acima de 90 milhões de toneladas.
As lavouras americanas se encontram na fase de enchimento de vagem, crítica para a definição do potencial produtivo. Os institutos de meteorologia alertam que para os próximos dias a previsão segue sendo de poucas chuvas e temperaturas elevadas, condições que poderiam comprometer o desenvolvimento da planta e afetar a produtividade.
Além das preocupações com o clima nos Estados Unidos, que provocaram a alta em Chicago, o mercado doméstico segue sendo beneficiado pela alta do dólar frente ao real. A moeda subiu de E$ 2,339 para R$ 2,432, com máxima no período de R$ 2,451. O dólar só foi contido pela intervenção do Banco Central (BC). A preocupação com a economia de países emergentes tem fortalecido o dólar.
EUA - A questão envolvendo o tamanho da próxima safra americana ainda gera controvérsias. Reunidos em conferência na Austrália, produtores e representantes da indústria americana ainda se mostram muito otimistas. Para eles, a produção poderia superar a casa de 90 milhões de toneladas pela primeira vez nos últimos três anos.
O diretor do Conselho de Exportadores dos Estados Unidos, Randy Mann, destacou a melhora nas projeções de clima para os próximos dias, contrastando com as preocupações dos negociadores na Bolsa de Chicago. Os temores com o clima têm sustentado os contratos futuros nas mais recentes sessões.
O mais recente levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) indicou uma safra cheia, mas abaixo do patamar de 90 milhões de toneladas. O Usda indicou produção de 88,6 milhões de toneladas, por conta de produtividades abaixo do esperado. Mas produtores contestam este número e acreditam que o escritório revisará para cima sua previsão.
Os Estados Unidos são os principais produtores e segundo maiores exportadores de soja do mundo, atrás apenas do Brasil. Por conta da seca e da menor safra do ano passado, o país teve que importar 1 milhão de toneladas para atender à demanda. Os estoques atingiram o nível crítico de 3,5 milhões de toneladas.
No momento, são dois os obstáculos que poderão impedir os Estados Unidos de colher uma safra acima de 90 milhões de toneladas. O primeiro é a possibilidade de as temperaturas elevadas prejudicarem o desenvolvimento das lavouras nos próximos dez dias, período crítico para a definição do potencial produtivo. Além disso, faltando seis semanas para o início da colheita, há a preocupação com a incidência de geadas, que também poderiam cortar a produtividade.
Veículo: Diário do Comércio - MG