Meta é agregar valor ao produto oferecendo grão de alta qualidade e sabor diferenciado.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Minas) e a Associação dos Produtores de Café da Mantiqueira (Aprocam) lançaram, na última semana, em São Gonçalo do Sapucaí, na região Sul do Estado, a marca Mantiqueira de Minas. O objetivo da iniciativa é diferenciar o produto, agregar valor e expandir o mercado de atuação.
Segundo o vice-presidente da Aprocam, Antônio José Junqueira Villela, o lançamento do selo é fundamental para distinguir a produção das demais regiões e agregar valor ao café da Mantiqueira. A expectativa é que os grãos com o novo selo cheguem ao mercado em 2014.
"A produção de café na Mantiqueira de Minas Gerais é um tradição secular e precisávamos valorizar isso. Com a criação do selo e a obtenção da Indicação de Procedência (IP) acreditamos que nosso café terá mais valorização pela alta qualidade e sabor diferenciado. Isso é fundamental para incentivar os produtores a manterem os investimentos nos cafezais e na obtenção de um café de alta qualidade", diz.
O lançamento do selo aconteceu dois anos após a conquista da Indicação de Procedência, que é conferida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) após várias avaliações da produção, que incluem o clima, relevo, tipo de solo, dentre outros. O território foi reconhecido como origem produtora, enquanto que os produtores conquistaram vários benefícios como agregação de valor ao produto e desenvolvimento sustentável.
De acordo com a analista do Sebrae Minas Ticiana Lopes, o lançamento do selo é mais uma etapa do projeto de Internacionalização do Café da Mantiqueira, que é coordenado pelo Sebrae. O programa contempla cerca de 7,8 mil produtores, que são responsáveis por produção em torno de 1,34 milhão de sacas ao ano, cultivada em 69 mil hectares. A geração de empregos é de aproximadamente 150 mil diretos e indiretos.
"Concluímos mais uma etapa do programa com o lançamento do selo. O café da Mantiqueira de Minas é reconhecido por ter um sabor raro e surpreendente e precisávamos diferenciá-lo no mercado e mostrar que a participação do produtor é importante para que a bebida continue sendo especial. Agora todos os cafeicultores da região poderão obter o selo, que também é uma forma de agregar valor e ampliar a atuação no mercado nacional e internacional", observa Ticiana.
Tradição - A região mineira da Serra da Mantiqueira está apta à produção de cafés de alta qualidade devido à altitude, entre 900 e 1,4 mil metros, à topografia muito particular e a um padrão climático diferenciado. Ao todo são 25 municípios produtores, com tradição e vanguarda na produção de cafés raros e surpreendentes.
O investimento na diferenciação do café da Mantiqueira de Minas é visto pelo vice-presidente da Aprocam como fundamental, principalmente no momento atual, em que a cafeicultura enfrenta crise de preços baixos. "O cafeicultor da região, que é montanhosa, precisa manter os investimentos na cultura, principalmente para aumentar a produtividade e a qualidade final da bebida. Por ser dependente de mão de obra para os tratos e colheita, os custos são mais altos, por isso é necessário que os grãos sejam de alta qualidade para ter no mercado um preço diferenciado", avalia Junqueira Villela.
Com identificação de procedência os produtores têm recebido de R$ 50 a R$ 60 a mais pela negociação das sacas de 60 quilos. A saca de café sem a IP é negociada na região entre R$ 280 e R$ 300.
Ainda segundo Junqueira Vilela, a demanda pelo grão é crescente. "Estamos recebendo diversas visitas de compradores do mundo todo, como dos Estados Unidos, Japão e Europa. Esses compradores estão vindo à região para conhecer os cafezais e os meios de produção", ressalta.
Veículo: Diário do Comércio - MG