Recuperação da indústria será baixa, mesmo com base fraca

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A queda de 2% da produção industrial na passagem do mês de junho para julho, na série com ajuste sazonal, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é mais um sinal de que a atividade deve fechar 2013 com baixo crescimento, ainda que sobre uma base muito fraca, afirmam analistas consultados pelo DCI. "Ainda que 2012 tenha sido muito ruim, o crescimento da atividade industrial, neste ano, não vem sendo satisfatório. Devemos ter uma recuperação de apenas 2% no ano, com viés de baixa", afirma o analista João Costa, associado da Pezco Microanalysis.

De acordo com dados do IBGE, a queda em julho praticamente eliminou a expansão registrada em junho, de 2,1% (revisado de 1,9%) em relação ao mês anterior. Na comparação anual, houve alta de 2% da produção industrial.

Para o coordenador da pesquisa do IBGE, André Luiz Macedo, existe uma volatilidade no ritmo da produção industrial mês a mês. "O resultado apresentado no mês de julho enfatiza a oscilação observada no nível de produção industrial desde o começo deste ano", explica Macedo.

Costa também ressalta que esse fator preocupa e deve continuar nos próximos meses. "Há muitas incertezas no cenário econômico nacional, inclusive no âmbito político, o que impacta as decisões de investimentos dos empresários", diz o consultor.

Para Macedo, outro fator negativo observado desde o início do ano está atrelado ao desempenho abaixo do esperado contabilizado pelos segmentos de Bens Intermediários e Bens de Consumo Semiduráveis e não Duráveis, que juntos representam 80% do setor industrial brasileiro.

"A atenção com estes setores é maior devido a importância sustentada por eles dentro do ramo industrial. Por isso, o desempenho registrado no acumulado do ano preocupa", explica Macedo.

Entre janeiro e julho de 2013, a categoria de Bens Intermediários registrou crescimento de 0,4% ante o ano passado, enquanto o segmento de Bens de Consumo Semiduráveis e não Duráveis registrou uma leve alta de 0,1%.

Para Macedo, outros fatores também ajudam a compreender a oscilação observada na produção industrial em 2013. Entre eles está a alta dos estoques, mais evidente nos últimos quatro meses. "A elevação dos estoques está afetando setores importantes como o de veículos, que registrou um nível acima do habitual nos últimos meses. Isso limita o avanço da indústria como um todo", ressalta o coordenador do IBGE.

A falta de confiança dos empresários e a retração da demanda doméstica, somada ao aumento da inadimplência e da inflação - fator que prejudica a renda disponível - também contribuem para a oscilação.

Nessa linha, Costa destaca que o Banco Central continuará com sua política de aperto fiscal, o que deve contribuir para o ambiente de incertezas macroeconômicas. "A taxa básica de juros deve ter ainda mais uma alta, fechando o ano em 9,5%", diz o consultor da Pezco Microanalysis.

Diante deste cenário, a Tendências Consultoria projeta uma alta de 2% da produção industrial neste ano, índice que não ajudaria a recuperar a queda de 2,7% registrada em 2012. "Se considerarmos o cenário para o restante do terceiro trimestre a partir da queda de 2% em julho, o impacto neste período deve girar em torno de -1,3%", afirma o economista da Tendências, Rafael Bacciotti.

Já para o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério Souza, as concessões em infraestrutura podem elevar os investimentos no segundo semestre. "Estamos com uma expectativa forte em relação às concessões do governo para rodovias, aeroportos e ferrovias, que podem deslanchar os aportes. Essa seria uma saída a curto prazo", conclui.




Veículo: DCI


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